sexta-feira, 12 de março de 2010

4.º Domingo da Quaresma

QUARTo Domingo da Quaresma – Ano C - 2010

Josué 5,9a.10-12 – Salmo 33 – 2Coríntios 5,17-21 – Lucas 15,1-3.11-32

O tema da Liturgia de hoje é a Páscoa, como passagem de um estado de morte para um estado de vida. A oração antes das leituras, mais uma vez dá o tom: “Ó Deus, que por Vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano (Páscoa), concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheio de fervor exultando de fé”.

A Leitura do Livro de Josué traz a troca da escravidão do Egito pelo dom da terra de Israel, e o povo come dos frutos da terra de Israel. A troca da escravidão do Egito pelo dom da terra de Israel é a Páscoa do povo judeu.

O Salmo 33 é um salmo de grande confiança em que o infeliz clama a Deus e é ouvido, libertando-se de todos os seus temores (morte e desgraça) e bendiz ao Senhor que o ouviu: “Provai e vede quão suave é o Senhor!”.

A Leitura da Segunda Carta aos Coríntios fala da novidade da pessoa renovada pela Páscoa: “Se alguém está em Cristo Jesus, é uma criatura nova” (2Coríntios 5,17). E reflete sobre a reconciliação entre Deus, que é a Vida, e a pessoa humana, aproximada assim da Vida Eterna. “Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que n’Ele nós nos tornemos justiça de Deus” (carregando como Ele a nossa Cruz) (2Coríntios 5,21).

No Evangelho de Lucas temos a parábola do Pai Misericordioso que faz festa para o filho que tudo perdera, e perdera a própria companhia do Pai, preferindo o mundo com suas atrações. O Pai diz ao filho mais velho: “Mas era preciso festejar e alegrar-nos porque esse teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado” (Lucas 15,32).

A Páscoa é o resultado da ação maravilhosa de Deus que busca a ovelha perdida, morta, para dar-lhe vida. A vida aparece sempre que há o arrependimento e uma conversão a Deus, motivado pela infinita misericórdia de Deus, nosso Pai. O filho mais novo da parábola nem pensava em ser novamente filho, queria ser tratado como um dos empregados do Pai e, surpresa, é tratado melhor do que antes de sua saída. Isto para sabermos como Deus se alegra em recuperar o pecador arrependido. Deveríamos sair do confessionário felizes da vida, dançando e cantando. “Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15,7).

quinta-feira, 4 de março de 2010

3.º Domingo da Quaresma

TERCEIRo Domingo da Quaresma – Ano C - 2010

Êxodo 3,1-8a.13-15 – Salmo 102 – 1Coríntios 5,17-21 – Lucas 13,1-9

A Oração antes das Leituras dá uma linha para a interpretação das Leituras: “Ó Deus (nosso Pai), fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão de nossa fraqueza para que humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia”.

A Leitura do Livro do Êxodo traz a vocação de Moisés. O próprio Moisés se sentia aquém da missão de libertar o povo do Egito. Se tomarmos os versículos que a Leitura salta, veremos Moisés dizer: “Quem sou eu para ir ao Faraó e fazer sair do Egito os filhos de Israel? Deus disse: ‘Eu estarei contigo; e sete será o sinal de que eu te enviei: quando fizeres o povo sair do Egito, vós servireis a Deus nesta montanha’.” (Êxodo 3,11-12). Esse serviço a Deus na montanha nunca se deu pois o povo construiu um bezerro de ouro e disse que foi o bezerro que os libertou do Egito, numa terrível idolatria contra Deus. Por esta razão, Moisés quebrou as Táboas da Lei, com os Dez Mandamentos, sobre o bezerro de ouro. Mas Deus acabou perdoando o povo, em sua enorme misericórdia. Até Moisés se sentiu incapacitado para a sua missão e o remédio é sempre a presença de Deus. Deus lhe responde: “Eu estarei contigo” (Êxodo 3,12). A presença misericordiosa de Deus é a nossa salvação. Felizes os que, como Abraão, andam na presença de Deus. “Porque, se Abraão foi justificado em virtude de sua observância, tem que se gloriar; mas não diante de Deus” (Rm 4,2). “Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4,10). “Que ele confirme os vossos corações, e os torne irrepreensíveis e santos na presença de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos!” (1Ts 3,13). “Cornélio fixou nele os olhos e, possuído de temor, perguntou: Que há, Senhor? O anjo replicou: As tuas orações e as tuas esmolas subiram à presença de Deus como uma oferta de lembrança” (At 10,4).

A Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, Jesus Cristo é a misericórdia de Deus. A “rocha” da qual brotou a água para todos beberem era Cristo. Mesmo tratados com misericórdia o povo não agradou a Deus e muitos morreram no deserto. Também não devemos murmurar. O que é murmurar? É ir contra as disposições divinas que se observam nas nossas vidas e interpretar as coisas como sorte ou azar quando estamos todos sob a amorosa providência de Deus. Em dias de calor é muito comum observar as pessoas murmurando ao dizer que está muito calor. É melhor viver um dia de calor do que morrer antes de sentir o calor: cada dia é uma graça de Deus para nós. E toda a graça de Deus deve merecer o nosso agradecimento e não a nossa reclamação. A mesma coisa se está frio.

No Evangelho Jesus nos diz que as vítimas de acidentes não são mais pecadoras do que todos os outros como se fosse um castigo que se abateu sobre elas. Os acidentes não são castigos divinos. Nem obra de azar. Nós que escapamos de tantos acidentes devemos fazer penitência para que nosso destino eterno não seja comparável a um acidente desses. O vinhateiro da parábola é Jesus Cristo, que derrama graças sobre nós para que nós demos fruto e agrademos a Deus, Nosso Senhor. Só aqueles que se recusam a dar frutos diante da graça de Jesus Cristo é que são condenados, os que se aferram ao pecado e dele não querem se libertar nem fazer penitência.