quarta-feira, 15 de julho de 2009

16.º Domingo Comum

16.º Domingo do Tempo Comum – Ano B – 2009

Jeremias 23,1-6 – Salmo 22 – Efésios 2,13-18 – Marcos 6,30-34

O Evangelho traz o que aconteceu depois de os discípulos voltarem da missão a que Jesus os tinha enviado em duplas. Jesus quer dar um descanso a seus discípulos. Eles, diante da multidão que os requisitava não tinham tempo nem para comer. Jesus os guia então a um lugar deserto e afastado. Mas, percebendo para onde iam, a multidão chegou lá antes mesmo dos discípulos e sentindo a sede que a multidão tinha Jesus sente uma grande compaixão dessa gente e põe-se a ensinar-lhes muitas coisas. Aqui vemos que a missão apostólica não admite tréguas, pois é um combate contra o poder das trevas que age sempre sobre os homens pecadores, que, ao mesmo tempo tem sede de salvação. Os discípulos não tem tempo nem para comer. Mas o alimento corporal fica em segundo plano. A sede da multidão é de um alimento espiritual, que Jesus lhes dá. E o próprio Jesus explica que quando Ele está presente seus discípulos não podem jejuar: Ele é o seu alimento. “Eles então lhe disseram: Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com freqüência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem... Jesus respondeu-lhes: Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão” (Lc 5,33-35). O esposo lhes será tirado quando morrer e for sepultado. Após a sua ressurreição lhes dirá: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). E nunca mais estará ausente do meio dos seus discípulos. Jesus é o alimento de vida eterna, sem o qual verdadeiramente se jejua. Então percebe-se que a missão apostólica não admite repouso e a salvação das almas é uma tarefa de eternidade. “Jesus replicou-lhe: As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58). São Paulo tem trechos muito comoventes sobre essa dedicação. Eis um deles: “Por isso não desanimamos deste ministério que nos foi conferido por misericórdia. Afastamos de nós todo procedimento fingido e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a palavra de Deus. Pela manifestação da verdade nós nos recomendamos à consciência de todos os homens, diante de Deus. Se o nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem, para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a luz do Evangelho, onde resplandece a glória de Cristo, que é a imagem de Deus. De fato, não nos pregamos, a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor. Quanto a nós, consideramo-nos servos vossos por amor de Jesus. Porque Deus que disse: Das trevas brilhe a luz, é também aquele que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento do esplendor de Deus, que se reflete na face de Cristo. Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós. Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos. Somos perseguidos, mas não ficamos desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo. Estando embora vivos, somos a toda hora entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus apareça em nossa carne mortal. Assim em nós opera a morte, e em vós a vida” (2Cor 4,1-12).
A fraqueza humana, porém, é grande. É o tema da Leitura do Profeta Jeremias. Deus censura os pastores que deixaram as suas ovelhas dispersarem-se por falta de cuidados delas e promete que Ele mesmo as reunirá. Promete novos pastores que as apascentarão de forma agradável a Deus e promete um descendente de Davi que reinará sabiamente sobre elas, que é o Senhor Jesus Cristo, a Justiça de Deus, que é a Misericórdia para com os pecadores penitentes. No povo cristão, infelizmente, muitos pastores visam outras metas que não é a vida das ovelhas. São “pastores que apascentam a si mesmos”, como dizia Santo Agostinho, e não dão a vida pelas ovelhas.
Os pastores autênticos da Santa Igreja são os que acolhem o Espírito Santo, o mesmo Espírito que levou Jesus a dar sua vida pelas suas ovelhas: “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 14-16).
A Leitura da Carta aos Efésios designa a missão de Jesus, que continua nos pastores fiéis a Ele, que estabelecem a paz e a unidade, unindo as ovelhas num só Corpo, que é o Corpo de Jesus Cristo. E isto o fazem acolhendo a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não são os pastores que agem, mas Jesus Cristo, por meio deles. E buscam as ovelhas que estão longe e as ovelhas que estão perto. Assim difundem o Espírito de Jesus Cristo pelo qual as ovelhas tem acesso ao Pai e à Vida Eterna.

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