segunda-feira, 20 de julho de 2009

17.º Domingo Comum

17.º Domingo do Tempo Comum – Ano B – 2009

Segundo Livro dos Reis 4,42-44 – Salmo 144 – Efésios 4,1-6 – João 6,1-15

Os bens temporais devem nos conduzir aos bens eternos, segundo a oração que fizemos antes das leituras: “conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam”. No Evangelho de hoje vemos que a multidão segue Jesus não por causa da vida eterna, mas “porque via os sinais que Ele operava a favor dos doentes”, ou seja, como nosso povo até hoje, buscava mais a cura do corpo do que a da alma. Jesus quer conduzir as pessoas dessa busca de bens temporais para começarem a buscar os bens eternos. O grande bem eterno que o Pai nos legou foi o próprio Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade Santíssima o qual só podemos receber se recebemos também o outro dom do Pai, o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
A Páscoa judaica estava próxima. Jesus ensaia a sua entrega total, multiplicando os pães, como anúncio da Sua entrega na Eucaristia, que acontecerá num contexto pascal. Para isso provoca um de seus discípulos, Felipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?”. O discípulo, nada entendendo responde em termos financeiros. André, outro discípulo apresenta um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas acha, sensatamente, que isso é muito pouco para tanta gente. Só que as medidas de Deus não são as nossas. Jesus aceita, em ação de graças, aquele pouco. E o pouco se torna mais do que suficiente. Este é um pensamento muito importante na vivência do Evangelho. Os dons de Deus podem parecer insuficientes. Mas se os acolhemos e agradecemos a Deus, eles se revelam mais do que suficientes. Assim é com as nossas capacidades, que se acolhidas em ação de graças a Deus se desenvolvem e se tornam grandes. A semente divina em nós pode produzir muito fruto se as acolhemos em ação de graças e não as desvalorizamos de saída. Isto é também uma manifestação de fé em Deus: a confiança de que o que Ele nos dá é sempre suficiente, mesmo que pareça pouca coisa. A seguir Jesus manda recolher o que sobrou. Não devemos desperdiçar nada dos dons de Deus. Tudo pode concorrer para o nosso bem e para a glória de Deus, que é a nossa salvação. Diante do prodígio, Jesus percebe que eles não o vêem somente como Profeta, mas querem fazer d’Ele um rei. Ao perceber isso, Jesus se retira sozinho no monte. Tudo que Jesus recebe vem do Pai (cf. Jo 3,27). Nada Ele recebe dos homens em si mesmos. Após a sua ressurreição, Jesus dirá: “Todo o poder me foi dado no Céu e na terra” (Mt 28,18). Tal poder lhe foi dado pelo Pai e não pelos homens. Assim também o cristão deve atribuir a Deus tudo o que recebe. Deus é a fonte de tudo o que existe. E assim viver em ação de graças. Escreve São Paulo: “Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (1Ts 5,16-18).
Esta distribuição de pães é um sinal de que Jesus daria a Si mesmo em alimento em outra Páscoa, ao dar a Eucaristia e ao morrer por nós na Cruz. Jesus é a Palavra de Deus que se fez carne (cf. Jo 1,14). Alimentar-se de Jesus não é só receber a Eucaristia em nossas bocas, mas viver da Palavra Criadora de Deus, nela esperar, mesmo que todas as circunstâncias de nossa vida estejam em oposição à nossa felicidade. Jesus é a misericórdia e a vida eterna. Ele mesmo Se definiu: “Eu sou a Ressurreição e a Vida” (Jo 11,25). E também: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Não se tem fé em Jesus se não se espera na sua Palavra e não se tenta viver de acordo com ela.
A Leitura da Carta aos Efésios é uma exortação de São Paulo a viver de acordo com a vocação cristã. Exorta à humildade e à mansidão. À unidade e à paz. A mansidão é exatamente aquela virtude pela qual não queremos usurpar nada de ninguém, mas tudo receber pela graça de Deus. A humildade é de nada se apossar e considerar todas as coisas, até a nossa vida e o nosso corpo como graça de Deus. A Paz vem da confiança em que o desígnio de Deus de nos dar a vida divina é mais forte do que a própria morte. Por isso, Jesus, ao apresentar-se ressuscitado aos seus discípulos, em primeiro lugar lhes deseja a paz, até repetindo: “A paz esteja convosco!” (cf. Jo 20,19-21). A unidade vem, como a própria Leitura afirma de que há um só Deus para todas as pessoas. Assim como Deus é Unidade das Três Pessoas Divinas, criando a pessoa humana à Sua Imagem, também a criou na unidade, “numa só carne” (cf. Gn1,26; 2,21-24).

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