Genesis 2,18-24 – Salmo 127 – Hebreus 2,9-11 – Marcos 10,2-16
A Palavra de Deus deste domingo tem dois temas interrelacionados, que é a unidade do casal homem-mulher e a humildade.
A Leitura do Livro do Genesis proclama que o casal humano deve ser uma só carne. Isto é uma semelhança divina, pois Deus é Três Pessoas, mas uma só Vida Divina. Assim como o Pai e o Filho se amam, cada um se esvaziando de si para viver verdadeiramente no Outro, e deles procede a Terceira Pessoa, que é o Espírito Santo, Espírito de Verdade e de Unidade de Pessoas, assim também o homem e a mulher devem formar uma unidade por meio do Espírito Santo, Espírito de Unidade de Pessoas. Assim a pessoa humana realiza a imagem e semelhança divina na qual foi criada.
“Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra. Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher (Gn 1,26-27). (...) Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). Repare neste texto que a semelhança divina não é a razão e a liberdade da pessoa humana, mas ser homem e mulher, uma só carne, semelhança da Santíssima Trindade, Trina e Una.
A Obra de Jesus Redentor é restaurar a pessoa humana na sua condição original, de Paraíso. Por esta razão Jesus, no Evangelho de hoje, rejeita toda separação entre o marido e sua esposa, sob pena de adultério.
A Leitura da Carta aos Hebreus relembra que Jesus se colocou não só abaixo dos anjos, mas também abaixo das pessoas humanas, como servidor delas, sofrendo morte infame. O Evangelho faz suceder à questão da separação do casal, logo o tema das crianças. E Jesus afirma “Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10,15). Parece fazer alusão que as separações dos casais se deve sempre a mecanismos de poder e que a criança é o modelo para entrar no Reino, pela própria natureza do Reino de Deus. Nós dizemos na Santa Missa: “Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre”. Então o cristão não deve ambicionar o poder sobre os seus irmãos e sim o serviço a eles. O poder que um pai e uma mãe tem sobre os seus filhos é para servir a eles, educando-os e dirigindo sua liberdade para o bem. Jesus ensinou: “O maior dentre vós será vosso servo” (Mt 23,11). A criança é aquela que se sabe dependente do pai e da mãe. Pode estar até fazendo malcriação contra o pai e a mãe, mas se estes se retiram ela vai atrás deles, na sua completa dependência. Assim também nós somos absolutamente dependentes de Deus, como uma criança o é de seus pais. Por esta razão Jesus coloca a criança como paradigma dos que entram no Reino de Deus. A criança sabe que não tem poder e se coloca na dependência daqueles que lhe dão segurança. O pecado é justamente buscar a segurança no poder sobre as criaturas e não se colocar dependente totalmente do Criador.