33.º Domingo do Tempo Comum – Ano B – 2009
Daniel 12,1-3 – Salmo 15 – Hebreus 10,11-14.18 – Marcos 13,24-32
O mês de novembro tem uma liturgia toda voltada para os últimos acontecimentos, a segunda vinda de Jesus Cristo e os sinais que a precederão. O Evangelho fala de uma grande tribulação. O Livro de Daniel fala que se levantará Miguel. São Miguel Arcanjo é o anjo que se opõe a satanás, que age sabendo que lhe resta pouco tempo. “Por isso alegrai-vos, ó céus, e todos que aí habitais. Mas, ó terra e mar, cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12,12). Este tempo de tribulação, diz o Livro de Daniel “será um tempo de angústia, como nunca houve até então” (Daniel 12,1). “Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isto aconteça” (Marcos 13,30). Isto porque os “muitos dos que dormem no pó da terra, despertarão, uns para a vida eterna” (Daniel 12,2). Este mistério começa com a Ressurreição de Jesus Cristo mesmo, que se passa durante a geração dos seus contemporâneos. O texto também fala que se uns despertarão para a vida eterna, outros despertarão “para o opróbrio eterno” (Daniel 12,2). Não nos é lícito duvidar da existência do inferno. O inferno não é um vestibular, ao qual Deus dará um auxílio pra que todos passem. É mais um casamento. Deus ama a todos, mas não é amado por todos. Há até quem negue a sua existência e fuja d’Ele intencionalmente, preferindo fazer o mal. O Livro de Daniel continua: “os que tiverem sido sábios brilharão como o firmamento” (Daniel 12,3). Não é o sacramento que nos salva, mas a Sabedoria do nosso viver, a conformidade da nossa vontade com a vontade de Deus. Todos devemos buscar a Sabedoria que é o maior dom do Espírito Santo. O princípio da Sabedoria é o temor de Deus, que é mais um temor da própria fraqueza da pessoa humana que a leva a pecar contra Aquele que é a sua salvação.
O Evangelho diz que “as estrelas começarão a cair do céu” (Marcos 13,25). Isto só pode ser uma imagem, pois as estrelas são muito maiores que a terra e não haveria espaço para tantas estrelas. Diz também que “o sol vai escurecer e a lua não brilhará mais” (Marcos 13,24). Isto pode referir-se à bancarrota do projeto da inteligência do homem, que será incapaz de trazer vida eterna a si mesmo, produzindo uma grande poluição e morte. Quando o projeto humano falir, Jesus mostrar-se-á como a salvação do gênero humano. “Quando os homens disserem: Paz e segurança!, então repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não escaparão” (1Ts 5,3). Jesus enviará seus anjos a toda a terra para reunir os eleitos de Deus (Marcos 13,27). Será o tempo de separar os peixes bons dos maus (“O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta. Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13,47-50)) e de separar o joio do trigo (“Jesus propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: - Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio? Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: - Queres que vamos e o arranquemos? - Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro” (Mateus 13,24-30)). O Evangelho diz também: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Marcos 13,31). As verdades científicas da inteligência humana, da física, da química e da biologia passarão, mas a verdade do Evangelho não passará jamais. E esta verdade é bastante simples: Deus é o Criador do homem e ninguém pode dar vida eterna a si mesmo. A inteligência humana com todas as suas maravilhas e o seu orgulho não pode dar vida eterna ao homem pois a vida é fruto do amor. A ciência humana acabará por produzir mais morte do que vida, que é o que já presenciamos, por falta de amor. Este é também o nexo da morte de Jesus Cristo na Cruz. Jesus mostrou muito poder fazendo muitos milagres e mostrou também muita sabedoria em seus ensinamentos. Mas nos salvou quando estava imóvel na Cruz. Sofreu a tentação: “A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus!” (Lc 23,35). Jesus vive a Verdade, mais Ele mesmo é a Verdade. Na sua imobilidade, nada faz para se salvar. SE descesse da Cruz continuaria mortal. Ao morrer esperando no Pai Celestial, Este O Ressuscita, dando uma Vida Imortal. Assim, o principal é a fé em Deus, a esperança e a caridade que nos unem a Deus e nos fazem esperar em Deus que, tendo-nos dado a vida mortal é o Único que pode nos dar a Vida Imortal.
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