quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

4.º Domingo Comum

QUARTo Domingo do Tempo Comum – Ano C

Jeremias 1,4-5.17-19 – Salmo 70 – Primeira Carta aos Coríntios 12,31-13,13 – Lucas 4,21-30

A Oração antes das Leituras, mais uma vez nos dá uma sugestão do tema das Leituras: “Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todas as pessoas com verdadeira caridade”. O tema de hoje é o amor a Deus, nosso Criador e o amor à Verdade. Jesus disse: “Eu sou a Verdade” (João 14,6).

A Leitura de Jeremias traz o amor de Deus por Jeremias profeta, antes até de formá-lo no ventre materno. O amor de Deus elimina o nosso medo. De fato, se há a ressurreição para os que estão na graça de Deus para que ter medo, até da morte? Deus está do lado do seu profeta, de modo que os inimigos não prevalecerão. Também para São Paulo: “Que diremos depois disso? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31).

A vida cristã se caracteriza antes de tudo por uma enorme ação de graças a Deus Criador e isto é o que afirma o Salmo de hoje. Estar em ação de graças a Deus é publicar suas graças imensas e incontáveis.

A Leitura da Primeira Carta aos Coríntios traz o famoso Hino da Caridade, que permanece até na eternidade, quando não mais haverá fé nem esperança. Isto porque Deus é Amor. E a vida eterna é viver a vida de Deus. As características da Caridade estão todas elencadas nessa Leitura. Merece uma meditação cuidadosa. A caridade está em profunda relação com a Paz de Cristo. Quem não perde a Paz de Cristo não perde a caridade. Quem perde a Paz de Cristo logo perde também a caridade e se irrita contra o próximo, ficando com raiva dele e até invejando-o. Pecamos, geralmente, quando perdemos a Paz de Cristo. Se conservarmos a Paz de Cristo venceremos muitas tentações, porque para o cristão só Deus é Absoluto e a relação com Ele é que deve ser protegida de modo especial. Tudo o mais é relativo, até a morte é relativa.

No Evangelho, Jesus fala a Verdade mas os nazarenos não aceitam a verdade que está nas Escrituras. Parece que ela os ofende. No entanto, o amor à Verdade é um critério para encontrar Jesus Cristo: “Disse Pilatos: Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo. Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?...” (João 18,35-38). Quem busca com sinceridade a Verdade, acaba encontrando Jesus Cristo. Acontece que esta não é virtude de muitas pessoas. Até muitos católicos não buscam a verdade, mas preferem fugir de Jesus Cristo e se refugiar em superstições, fazendo até dos objetos santos da fé e até dos sacramentos superstições para objetivos terrenos de saúde e sorte. Deus não precisa de água benta para amar ninguém. E quantos põem toda a confiança em água benta? E fazem das imagens objetos de sorte e “proteção”. Deus ama seus filhos e não precisa nem de imagens, nem de água benta para amá-los, nem de correntes. Até muitos católicos fogem da verdade, que está nas Sagradas Escrituras, principalmente no Evangelho de Jesus, e se portam como pagãos! São cegos conduzindo outros cegos... “Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala” (Mt 15,14). “Jesus então disse: Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos. Alguns dos fariseus, que estavam com ele, ouviram-no e perguntaram-lhe: Também nós somos, acaso, cegos?... Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado, mas agora pretendeis ver, e o vosso pecado subsiste” (João 9,39-41). Quem é cego não busca a Verdade. É duro de aceitar, mas muitos batizados estão muito longe da verdade e se comportam como pagãos.

sábado, 23 de janeiro de 2010

3.º Domingo Comum

TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
Neemias 8,2-4a.5-6.8-10–Salmo 18–Primeira Carta aos Coríntios 12,12-30–Lucas 1,1-4; 4,14-21

A Oração antes das Leituras já nos dá uma orientação para a interpretação das leituras de hoje: “dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras”. O Novo Testamento traz o amor e a misericórdia de Deus para os pecadores contra a mentalidade legalista dos fariseus que não entendiam a misericórdia de Jesus para com os pecadores. “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus!” (Mateus 21,31). “Porque acolheram o Filho de Deus, ao passo que os fariseus rejeitaram a pregação de João Batista e a de Jesus, apegados que estavam à Lei que condena. “Porquanto pela observância da lei nenhum homem será justificado diante dele, porque a lei se limita a dar o conhecimento do pecado” (Rm 3,20) e não da misericórdia e do amor de Deus. Vendo as coisas pelo lado do pecado, os fariseus só tinham palavras de condenação e se comportavam como uma “polícia” vigiando tudo o que faziam os discípulos de Jesus, SUS falta de jejum, criticando as obras de Jesus e seus discípulos nos sábados e condenando a todos, querendo apedrejar as adúlteras e negando toda misericórdia. A Nova Aliança não se baseia na Lei Mosaica, mas no que era desde o princípio e quer nos assemelhar a Deus pela misericórdia e boas obras. Mesmo assim Jesus diz: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição” (Mt 5,17). A verdadeira interpretação da Lei Mosaica está em resgatar o que era “desde o princípio” (cf. Mateus 19,4). E desde o princípio a pessoa humana foi criada à imagem e semelhança de Deus, para ser semelhante a Ele, que é misericordioso e criou a pessoa humana por misericórdia. Como Jesus não vem abolir a Lei, mas cumpri-la, a Leitura do Livro de Neemias traz uma solene leitura da Lei de Deus, antes da interpretação policial dos fariseus. A Leitura da Primeira Carta aos Coríntios traz um longo trecho para mostrar-nos que a comunidade cristã é um só corpo, onde os dons de cada um servem para o proveito de todos. Na comunidade cristã cada um precisa de todos os outros. E o Evangelho após uma introdução de São Lucas sobre a necessidade de saber tudo sobre Jesus Cristo, traz o mesmo Jesus, com a força do Espírito, lendo o Livro de Isaias em Nazaré e declarando que está cumprindo o que o Profeta Isaias escreveu. Ou seja, a missão de Jesus Cristo (Cristo quer dizer Ungido pelo Espírito Santo) é: anunciar a Boa-Nova aos pobres. Por que os pobres? Por que eles não tem em que se apoiar a não ser em Deus, ao passo que os ricos e poderosos se apóiam em suas riquezas e seu poder, deixando de se apoiar em Deus que é o Único a poder dar vida eterna à pessoa humana. Também libertar os cativos e dar aos cegos a recuperação da vista. Aqui Jesus não é um “oftalmologista divino” mas a visão é fazer perceber a Sabedoria divina. A libertação dos oprimidos: os oprimidos são aqueles condenados pelos fariseus, a quem Jesus dá o perdão dos pecados e Jesus Cristo anuncia um ano da graça do Senhor Deus. Diz São João: “Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1,16-17). A misericórdia e todos os dons de Deus são graças que Ele derrama sobre seus filhos, mas continuam pertencendo a Ele e devemos prestar contas de seu uso, se os usamos por amor ou para nos envaidecer: “Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir” (Lucas 12,48). Todas essas ações são as “boas obras” a que se faz menção na Oração antes das Leituras. O próprio Jesus Cristo é uma graça enorme vinda das mãos do Pai, pelo “sim” de Maria Santíssima, que O recebeu. Por esta razão seu nascimento trouxe tanta alegria, aos magos, aos pastores, a Simeão e Ana, e aos anjos do Céu.

sábado, 9 de janeiro de 2010

2.º Domingo do Tempo Comum

Segundo Domingo do Tempo Comum – Ano C

Isaias 62,1-5 – Salmo 95 – Primeira Carta aos Coríntios 12,4-11 – João 2,1-11

Tal como nos Mistérios Luminosos do Rosário, ao Batismo de Jesus sucede o gesto simbólico do seu casamento com a humanidade. De fato a salvação não é um vestibular moral onde, pela misericórdia de Deus alguns pecadores “passam” e são salvos. É um casamento: Deus ama a todas as suas criaturas; agora resta às criaturas amarem o seu Criador para realizar esse casamento. Acontece que poucos amam o Criador e a maioria se consola nas criaturas mesmo, no dinheiro, nos afetos, no sucesso, no aplauso, na fama etc. Antes do pecado original a criatura humana vivia diretamente da vida que lhe proporcionava o Criador. Em tudo via o dom de Deus. Após o pecado original, a pessoa humana quis ser Deus e bastar-se a si mesmo. Como é criatura contingente não consegue bastar-se a si mesmo e deve apoiar-se em alguma coisa externa a si. Ao invés de apoiar-se em Deus preferiu apoiar-se nas criaturas e nos frutos de seu próprio trabalho. Só que nenhuma criatura dá vida eterna, só o Criador é terno e pode transmitir vida eterna. É terrível a sentença: “E disse em seguida ao homem: ‘Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar’” (Genesis 3,17-19). Mesmo que a pessoa humana trabalhe muito está votada à morte, porque é pó. Só o Criador pode tirá-la desse destino de morte, o que o Criador fez por meio de Jesus Cristo e do Espírito Santo.

A justiça de que fala a Leitura do Profeta Isaias é, em primeiro lugar, uma ação de graças em relação a Deus. É uma gratidão pelo fato de ter sido criado e gozar de tantos dons. O Criador não mais abandonará a sua criatura, mas tirará os Anjos do caminho do Paraíso e quer que a pessoa humana volte ao Paraíso (cf. Genesis 3,24). Não mais será a pessoa humana Abandonada, mas “Minha Predileta”. E termina a Leitura do Profeta Isaias com uma alusão ao casamento, como modelo da união de Deus com a pessoa humana.

O salmo é uma proclamação de que ser fiel a Deus é glorificá-lO e manifestar a salvação que Ele traz e reconhecer o Seu Poder. Aqui também o conceito de justiça que explicamos em relação à Leitura de Isaias se aplica.

A Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios mostra que os dons de Deus são diferentes para pessoas diferentes, mas que todos formam uma unidade, por receber do mesmo Espírito os dons. Cada dom recebido não é para a vaidade pessoal, mas para ser colocado a serviço dos demais. “Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão” (Mateus 20,28; Marcos 10,45). Cada um tem uma atividade diferente no corpo da Igreja, conforme os dons que recebeu de Deus.

O Evangelho de São João é simbólico. Há um casamento mas não aparece o nome nem do noivo nem da noiva. O noivo é o Senhor Jesus Cristo. A noiva é representada por Maria, a Mãe de Jesus, como figura da Igreja, e os discípulos de Jesus. A Mãe percebe a falta do vinho. E avisa a Jesus. Este diz: “A minha hora ainda não chegou” (João 2,4). É a hora do casamento verdadeiro, da redenção da humanidade, em que Jesus dará sua vida para que a pessoa humana tenha a vida eterna. Diante do que Sua Mãe diz aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2,5), Jesus se prepara para fazer um sinal simbólico do significado de sua morte na Cruz. Ele é o noivo: deve, portanto, dar o vinho. E vinho em abundância: seiscentos litros! Esse vinho é sinal do sangue derramado de Jesus pela redenção do mundo. É por seu sacrifício que Jesus se unirá à humanidade e perdoará os pecados de todos, dando-lhes o Espírito Santo. É preciso que o Filho de Deus se anule para viver nos futuros membros do seu Corpo, numa atitude semelhante à que Jesus tem diante do Pai, ao qual é unido pelo mesmo Espírito Santo. A frase do mestre-sala: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!” (João 2,10), significa que o Novo Testamento, a Nova Aliança que Jesus Cristo estabelecerá pelo derramamento do Seu Sangue é muito superior à antiga aliança, marcada pelo sangue de animais e não pelo sangue preciosíssimo do Filho de Deus. Jesus, assim, manifesta a Sua Glória, que é a Glória de Seu Pai Celestial e os seus discípulos crêem n’Ele, realizando, assim, a mensagem do Salmo 95. O papel de Maria, neste casamento é importantíssimo, pois ninguém como Ela é a Esposa do Pai, a ponto de gerar Aquele que é ao mesmo tempo Filho de Deus, pela parte do Pai e Filho do Homem, por parte de Maria. Maria é a única pessoa humana sobre a Terra que jamais colocou qualquer resistência à graça de Deus, pois só Ela é a Cheia de Graça. Maria aqui é a imagem da Igreja inteira, a Esposa de Jesus Cristo, e exemplo de primeira seguidora de Seu Filho, a que nada possui pois tudo nela é sempre graça de Deus.

A justiça, de que fala a Leitura de Isaias, que surge como um luzeiro, se identifica com a salvação e é a realização da suprema vocação da pessoa humana: “Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra. Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher” (Genesis 1,26-27). Essa criação à imagem e semelhança de Deus é para que a pessoa humana entre em comunhão com a Santíssima Trindade, pela comunhão com o Filho – a Segunda Pessoa – por obra do Espírito Santo que realiza a unidade das Pessoas. Por isso somos, desde o nosso batismo, membros do Corpo de Cristo e carregamos a Cruz de Cristo e a oferecemos ao Pai, junto com a d’Ele em cada Missa.

A leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios afirma que os dons de cada um não são para essa pessoa, mas para o conjunto do Corpo de Cristo, que são todos os membros da Igreja, e por extensão, toda a humanidade, pois Deus não faz acepção de pessoas. “Então Pedro tomou a palavra e disse: Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas” (Atos 10,34; 15,9; Romanos 2,11; 3,22; 10,12 etc.). Nenhum dom é para a vaidade da pessoa, mas todos são para viver o amor que se expressa em serviço ao próximo.

No Evangelho, Jesus afirma à Sua Mãe: “Minha hora ainda não chegou” (João 2,4), pois a hora da união final e da doação do Espírito para a união definitiva da pessoa humana com Jesus Cristo que é a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho, se dá na sua morte redentora por nós, quando Jesus Cristo vence definitivamente o demônio: “Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo” (Jo 12,31). Mas Jesus Cristo para atender Sua Mãe dá um sinal de que dará todo o seu preciosíssimo sangue por nós na Santa Cruz: transforma a água em vinho, água que é premonição da Eucaristia, Sangue precioso de Jesus Cristo por nós. O mestre-sala diz que todos servem primeiro o vinho bom e depois o vinho menos bom, mas que o noivo guardou o vinho melhor até o fim do casamento, porque o Antigo Testamento não realizava a justiça divina, não unia a pessoa humana à Santíssima Trindade, mas apenas manifestava a vontade de Deus através da Lei – os Dez Mandamentos – e significava dons apenas deste mundo como terra e vitórias militares.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Batismo do Senhor Jesus Cristo

Batismo do Senhor Jesus Cristo

Isaias 42,1-4.6-7 – Salmo 28 – Atos 10,34-38 – Lucas 3,15-16.21-22

O Batismo de Jesus no rio Jordão, por obra de São João Batista, é o ato que inaugura a vida pública de Jesus. Esta vida pública será uma permanente tentação. Por esta razão, o primeiro impulso do Espírito Santo após o Batismo do Senhor Jesus será enviá-lo para o deserto para ser tentado pelo diabo. A tentação maior virá na Paixão. E Jesus Cristo sairá vencedor, redimindo o gênero humano. O Espírito Santo é o centro do Batismo de Jesus Cristo. Podemos até dizer que é o Crisma de Jesus. Jesus é o Cristo porque foi ungido com o Espírito Santo. Crismado e Cristo são dois particípios passados do mesmo verbo. Significam a mesma coisa. Jesus é o Ungido do Pai. Desde sua concepção no ventre de Maria, Jesus está unido ao Pai pelo Espírito Santo, por ser o Filho de Deus. Mas no rio Jordão é a sua carne mortal que é ungida para dar-se num movimento divino e fazer-se alimento dos homens. Quando Jesus Cristo não Se ama a Si mesmo, mas morre por nós na Cruz está já dando o Espírito Santo para nós. O Espírito Santo é o Espírito da unidade das Pessoas, pela virtude do amor que faz uma Pessoa esquecer-se de si mesma e dar a vida pela outra. Assim o Pai se esquece de si mesmo pois a sua vida está no Filho (cf. Evangelho, Lucas 4,22) e o Filho se esquece de si mesmo pois a sua vida está no Pai. Só busca a glória do Pai. Quando Jesus se esquece de si por nosso amor está nos dando o Espírito Santo, pois está nos tratando do mesmo jeito que trata o Pai. O Espírito Santo também faz-nos viver a justiça bíblica que é “dar a Deus o que é de Deus”. Ou seja, a pessoa humana, criada por Deus, deve confiar totalmente em seu Pai Celestial e viver d’Ele. Foi o que Jesus Cristo viveu. Seu alimento era fazer a vontade do Pai (cf. João 4,32-34). Se essa é a justiça, claro está que Deus não faz acepção de pessoas e não trata os israelitas como superiores às outras pessoas humanas. Deus criou todas as pessoas e tem piedade de todos igualmente. Unidos a Jesus Cristo pelo Espírito Santo, somos libertados do poder do demônio. Ele não terá mais poder sobre os que se deixam ungir pelo Espírito Santo. Pelo Espírito Santo, Deus é nosso Pai e recebe todo o nosso louvor, e assim praticamos a justiça diante d’Ele.

A salvação é justamente essa união eterna com Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Não temos em nós vida eterna, mas unidos a Jesus participamos de sua Vida Eterna, em comunhão com o Pai e assim somos inseridos na Santíssima Trindade, somos divinizados. Todos os santos recebem o nome de “santo” que só pertence a Deus por essa união com Jesus Cristo, o Santo, e Seu Pai, no mistério da Santíssima Trindade.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Domingo da Epifania

Domingo da Epifania

Isaias 60,1-6 – Salmo 71 – Efésios 3,2-3a.5-6 – Mateus 2,1-12

Todas as festas após o Natal traduzem um aspecto desta festa. O Senhor veio para ser um sinal de contradição (Lucas 2,34). Por esta razão, logo após o Natal temos a festa dos Mártires Inocentes, lembrando que são os perseguidos com Jesus Cristo que possuirão o Reino dos Céus. Depois temos a Solenidade da Santa Mãe de Deus. Se Jesus Cristo é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é Deus feito homem, é Deus, e então, Maria é a Mãe de Deus. Seu Filho é Deus. E temos hoje a Festa da Epifania, que em alguns lugares do Oriente é mais importante que o Dia de Natal. Significa, como se diz na Carta aos Efésios lida hoje, que Jesus Cristo não veio só para Israel, mas para todos os povos da terra, é o Salvador, não de Israel, mas da humanidade inteira, representada pelos Magos. Estes, que não eram israelitas estavam mais atentos à vinda do Messias que o próprio povo de Israel. Dentro do Evangelho há muitas passagens que sugerem que Jesus veio para toda a humanidade. Por exemplo, o centurião que pede a cura de seu servo, de quem Jesus diz que nem em Israel encontrou tanta fé; a mulher siro-fenícia; a parábola do Bom Samaritano; e o centurião diante da Cruz que é o único a dizer que Jesus era mesmo o Filho de Deus, quando os judeus preferiram Barrabás, um assassino. É claro, pelos Evangelhos e pelos Atos dos Apóstolos, que Jesus veio para a humanidade inteira e a sua salvação se manifesta até aos confins da terra (Salmo 71).

Os bispos da América, reunidos em 2007, em Aparecida do Norte, lançaram a Missão Continental, um estado permanente de missão ao qual a Igreja na América deve se acostumar. Essa missão é uma passagem do sacramentalismo para uma vida vivida a partir da Palavra de Deus.

Há um grande sincretismo religioso entre a Igreja e o candomblé por causa do sacramentalismo. Acreditando que o batismo daria a fé por si mesmo, os negros foram batizados sem a devida catequese, permanecendo com sua religião anterior. Mas o batismo não produz a fé, é o resultado de quem já tem fé, por causa da pregação: “Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo” (Rm 10,17). Assim o negro sem catequese estava diante da imagem de São Sebastião, mas para ele significava Oxossi, um orixá. Daí as confusões: Jesus Ressuscitado é confundido com Oxalá, Nossa Senhora da Conceição com Iemanjá, São Jorge com Ogum, Santa Bárbara com Iansã, etc. Isto deu um grande mal na Igreja por causa do sacramentalismo. O sacramentalismo é pagão. As pessoas acham que os sacramentos são, não um compromisso com Jesus Cristo, mas uma bênção de sorte e de saúde. Quantos se casam na Igreja porque querem a “bênção” de Deus e nem sabem o que isso significa e a consideram uma sorte para o futuro. Até a Eucaristia, que é o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Jesus Cristo é a Palavra de Deus que se fez carne. Se a pessoa recebe a Eucaristia, mas não se alimenta interiormente da Palavra de Jesus Cristo, a recepção da Eucaristia fica sem o seu devido fundamento. Quanta gente quer batizar seus filhos na Igreja e quer ser crismada, mas não comparece às Missas de Domingo nas paróquias...

Por isso é mais que oportuna e necessária a Missão Continental. Jesus Cristo mesmo, só realizou a primeira Eucaristia, na sua Última Ceia, na véspera de sua morte na Cruz, depois de três anos instruindo seus discípulos na Palavra do Senhor. A pregação precede todos os sacramentos e se deve antes crer na pregação para só depois receber os sacramentos. A Missão Continental é necessária. Muitos passam para as seitas porque não conhecem a Palavra do Evangelho e passam a acreditar no Cristo da prosperidade e a dizer “Deus é fiel”, ou seja Deus me vai dar tudo aquilo que o pastor disse que Ele iria me dar porque eu paguei o dízimo. Assim os falsos pastores se enriquecem com os dízimos dos bobos, alimentados por falsas promessas.