TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
Neemias 8,2-4a.5-6.8-10–Salmo 18–Primeira Carta aos Coríntios 12,12-30–Lucas 1,1-4; 4,14-21
A Oração antes das Leituras já nos dá uma orientação para a interpretação das leituras de hoje: “dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras”. O Novo Testamento traz o amor e a misericórdia de Deus para os pecadores contra a mentalidade legalista dos fariseus que não entendiam a misericórdia de Jesus para com os pecadores. “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus!” (Mateus 21,31). “Porque acolheram o Filho de Deus, ao passo que os fariseus rejeitaram a pregação de João Batista e a de Jesus, apegados que estavam à Lei que condena. “Porquanto pela observância da lei nenhum homem será justificado diante dele, porque a lei se limita a dar o conhecimento do pecado” (Rm 3,20) e não da misericórdia e do amor de Deus. Vendo as coisas pelo lado do pecado, os fariseus só tinham palavras de condenação e se comportavam como uma “polícia” vigiando tudo o que faziam os discípulos de Jesus, SUS falta de jejum, criticando as obras de Jesus e seus discípulos nos sábados e condenando a todos, querendo apedrejar as adúlteras e negando toda misericórdia. A Nova Aliança não se baseia na Lei Mosaica, mas no que era desde o princípio e quer nos assemelhar a Deus pela misericórdia e boas obras. Mesmo assim Jesus diz: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição” (Mt 5,17). A verdadeira interpretação da Lei Mosaica está em resgatar o que era “desde o princípio” (cf. Mateus 19,4). E desde o princípio a pessoa humana foi criada à imagem e semelhança de Deus, para ser semelhante a Ele, que é misericordioso e criou a pessoa humana por misericórdia. Como Jesus não vem abolir a Lei, mas cumpri-la, a Leitura do Livro de Neemias traz uma solene leitura da Lei de Deus, antes da interpretação policial dos fariseus. A Leitura da Primeira Carta aos Coríntios traz um longo trecho para mostrar-nos que a comunidade cristã é um só corpo, onde os dons de cada um servem para o proveito de todos. Na comunidade cristã cada um precisa de todos os outros. E o Evangelho após uma introdução de São Lucas sobre a necessidade de saber tudo sobre Jesus Cristo, traz o mesmo Jesus, com a força do Espírito, lendo o Livro de Isaias em Nazaré e declarando que está cumprindo o que o Profeta Isaias escreveu. Ou seja, a missão de Jesus Cristo (Cristo quer dizer Ungido pelo Espírito Santo) é: anunciar a Boa-Nova aos pobres. Por que os pobres? Por que eles não tem em que se apoiar a não ser em Deus, ao passo que os ricos e poderosos se apóiam em suas riquezas e seu poder, deixando de se apoiar em Deus que é o Único a poder dar vida eterna à pessoa humana. Também libertar os cativos e dar aos cegos a recuperação da vista. Aqui Jesus não é um “oftalmologista divino” mas a visão é fazer perceber a Sabedoria divina. A libertação dos oprimidos: os oprimidos são aqueles condenados pelos fariseus, a quem Jesus dá o perdão dos pecados e Jesus Cristo anuncia um ano da graça do Senhor Deus. Diz São João: “Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1,16-17). A misericórdia e todos os dons de Deus são graças que Ele derrama sobre seus filhos, mas continuam pertencendo a Ele e devemos prestar contas de seu uso, se os usamos por amor ou para nos envaidecer: “Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir” (Lucas 12,48). Todas essas ações são as “boas obras” a que se faz menção na Oração antes das Leituras. O próprio Jesus Cristo é uma graça enorme vinda das mãos do Pai, pelo “sim” de Maria Santíssima, que O recebeu. Por esta razão seu nascimento trouxe tanta alegria, aos magos, aos pastores, a Simeão e Ana, e aos anjos do Céu.
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