11.º Domingo do Tempo Comum – Ano B – 2009
Ezequiel 17,22-24 – Salmo 91 – 2.ª Coríntios 5,6-10 – Marcos 4,26-34
A oração da coleta, feita antes das leituras, de hoje já diz: “e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça”. Este é um dos temas centrais destas leituras deste domingo: a fraqueza dos cristãos, cuja força é Deus mesmo. Já São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios dizia: “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. Está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e anularei a prudência dos prudentes (Is 29,14). Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador deste mundo? Acaso não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo? Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem. Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos - quer judeus quer gregos -, força de Deus e sabedoria de Deus. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Vede, irmãos, o vosso grupo de eleitos: não há entre vós muitos sábios, humanamente falando, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. O que é estulto no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes; e o que é vil e desprezível no mundo, Deus o escolheu, como também aquelas coisas que nada são, para destruir as que são. Assim, nenhuma criatura se vangloriará diante de Deus. É por sua graça que estais
Os dons de Deus dados a alguém nunca devem ser usurpados para o orgulho dos seus detentores. Porque tudo é graça de Deus e Ele é a fonte de todos os dons. Como a pessoa humana usurpa os dons de Deus e os utiliza para envaidecer-se, Deus, “que resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes” (Pr 3,34; Tg 4,6) escolhe os menos prendados para receber a graça maior, que é a da salvação. Deus, assim “eleva a árvore baixa e rebaixa a árvore alta e faz secar a árvore verde e faz brotar a árvore seca” (Ez 17,24). Sempre foi esse o procedimento de Deus, escolhendo sempre os mais fracos e fazendo-os os mais fortes. Foi assim com Abel, mais novo que Caim. Foi assim com Jacó, preferido a Esaú. Foi assim com José, vendido como escravo por seus irmãos, tornado depois vice-rei do Egito. Foi assim com Davi, preferido a Saul, que era alto e forte, e a seus irmãos de sangue, ele, que era o irmão mais novo da família de Jessé. Foi assim também na vida de muitos santos que eram os filhos menores em suas famílias, mas foram escolhidos por Deus, como São João Bosco e outros. A viúva que menos ofereceu em valor absoluto foi a que mais agradou a Deus (cf. Mc 12,41-44).
Na Segunda carta aos coríntios São Paulo afirma: “Por isso, também nos empenhamos em ser agradáveis a Ele” (2Cor 5,9). O que nos torna agradáveis a Deus? É a ação de graças, atribuindo a Deus toda grandeza humana e nunca se inchando de orgulho, como está no Salmo 91, rezado hoje na Missa. E a colocação dos dons que vem de Deus como benefício para os nossos irmãos. Como disse Jesus a seus apóstolos: “De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10,8c).
O Evangelho sublinha que o crescimento do Reino de Deus é ação divina, com apenas uma pequena colaboração humana. A pessoa do cristão anuncia o Reino, mas é a graça de Deus que transforma os corações, pelo dom do Espírito Santo. Essas palavras de Jesus Cristo devem nos encher de confiança diante das milhares de dificuldades pelas quais passa a evangelização, as perseguições que a Igreja sofre, os impecilhos que encontra em sua missão, dentro e fora da Igreja. A obra é de Deus e o Espírito de Deus sopra onde quer. “O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3,8), disse Jesus a Nicodemos.
Sejamos humildes e saibamos sempre atribuir a Deus as obras que Ele realiza em nós, nunca nos ensoberbecendo como se fôssemos nós mesmos a dar-nos os dons de que dispomos.
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