12.º Domingo do Tempo Comum – Ano B – 2009
Jó 38,1.8-11 – Salmo 106 – 2.ª Coríntios 5,14-17 – Marcos 4,35-41
A oração antes das Leituras diz a Deus: “pois nunca cessais de conduzir os que firmais em vosso amor”. Tal como no domingo anterior, hoje também a pessoa humana é convidada a se render diante da onipotência de seu Criador e amá-lO, confiar n’Ele, adquirindo a Paz, deixando-se cuidar plenamente por Ele.
No Livro de Jó, somos convidados a contemplar o poder de Deus Criador que tudo dispôs com ordem e harmonia. O Salmo 106 continua essa contemplação, convidando a renunciar a todo pânico na confiança no Senhor, que acalma o mar e ressuscita os mortos.
No Evangelho, Jesus realiza o que o Salmo anuncia, demonstrando sua divindade. Diante da tempestade, a confiança de Jesus no Pai e total a ponto que permanece dormindo. Acordado pelos discípulos apavorados, que intuem que devem recorrer a Jesus, este acalma o mar e os ventos. É interessante que os discípulos recorrem a Jesus, mas este não elogia sua fé, uma vez que os discípulos recorreram com confiança a Ele. Jesus repreende sua falta de fé, pois não mantém a paz (de Cristo) nas dificuldades, mas se apavoram. Será que diante de muitas de nossas orações, O Senhor não reage da mesma maneira e nos diz: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4,40). O que Jesus Cristo considera como sinal verdadeiro de fé não é a oração e os pedidos de socorro, por mais insistentes que sejam, mas a PAZ de quem confia plenamente no Senhor e Criador, que não abandona nunca suas criaturas, mas que as faz vencer até a própria morte.
O trecho da Segunda Carta aos Coríntios lido hoje, nos induz a uma consideração espiritual de todas as coisas. Se Jesus Cristo nos salva da morte, Ele adquire um direito sobre as nossas vidas – que Ele já tinha como Palavra Criadora do Pai, pela qual fomos criados (cf. Jo 1,1-3) – e por isso devemos viver não mais para nós mesmos, mas para Ele, que por nós morreu e ressuscitou. Diz São Paulo, nessa direção: “Também nós cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum homem será justificado. Pois, se nós, que aspiramos à justificação em Cristo, retornamos, todavia, ao pecado, seria porventura Cristo ministro do pecado? Por certo que não! Se torno a edificar o que destruí, confesso-me transgressor. Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,16b-20). A partir dessa certeza de que pertencemos a Jesus Cristo, não devemos mais considerar as realidades segundo os instintos da natureza mortal, mas todas as coisas e pessoas devem ser reconsideradas a partir do seu significado como graça de Deus e no que concorrem para a nossa salvação, a nossa vida segundo o Espírito Santo, que nos unifica a Jesus Cristo, pelo qual teremos a vida eterna. Assim tudo se faz novo, e nós mesmos nos tornamos uma nova criatura, antecipando a vida eterna que gozaremos eternamente. Por isso o amor de Jesus Cristo é que nos impele (cf. 2Cor 5,14) e deve ser a fonte de todas as nossas decisões e inclinações.
Isto tudo é um convite a reconsiderar todas as coisas a partir de Jesus Cristo, nosso Salvador. As coisas só tem sentido na medida em que são consideradas sinais do amor de Deus e nos aproximam do nosso Criador, que deve ser sempre o amor que amamos em todas as coisas.
Ao saborear qualquer realidade da vida devemos perceber o amor de Deus nessa coisa, seja uma alimento, uma paisagem, uma pessoa ou uma obra de arte. Também aquilo que nos faz sofrer deve ser remetido ao mistério e ser transfigurado de mal em bem. Jesus transfigurou todas as realidades negativas em positivas. Todas as realidades negativas, que nos fazem sofrer, são questionamentos ao amor de Deus. A dor, a decepção, o abandono, a morte, as traições e tudo o mais que nos faz sofrer são tentações contra o amor de Deus. Os sofrimentos de Jesus Cristo eram tentações satânicas que questionavam a condição de Jesus como Filho amado de Deus. Jesus esperou no Pai contra toda aparência e tentação e venceu o mal, transfigurando sua tortura em gesto de amor total. Nós também, na medida em que nossos sofrimentos questionam o amor de Deus por nós, se não nos deixamos levar pela tristeza, mas continuamos a confiar em Deus, nosso Pai, vencemos o demônio e a sua tentação e gozamos da PAZ de Jesus Cristo, transfigurando o sofrimento, que em si é negativo, em vitória contra o mal, em libertação. Podemos dizer que a vida cristã toda é uma arte de transfigurar o mal em bem pela vivência da paixão de Jesus Cristo em nós. São Paulo tinha plena consciência disto e o testemunha em vários textos. “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). “Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo e estar com ele. Não com minha justiça, que vem da lei, mas com a justiça que se obtém pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus pela fé. Anseio pelo conhecimento de Cristo e do poder da sua Ressurreição, pela participação em seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na morte, com a esperança de conseguir a ressurreição dentre os mortos. Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo” (Fl 3,8-14).
Jó 38,1.8-11 – Salmo 106 – 2.ª Coríntios 5,14-17 – Marcos 4,35-41
A oração antes das Leituras diz a Deus: “pois nunca cessais de conduzir os que firmais em vosso amor”. Tal como no domingo anterior, hoje também a pessoa humana é convidada a se render diante da onipotência de seu Criador e amá-lO, confiar n’Ele, adquirindo a Paz, deixando-se cuidar plenamente por Ele.
No Livro de Jó, somos convidados a contemplar o poder de Deus Criador que tudo dispôs com ordem e harmonia. O Salmo 106 continua essa contemplação, convidando a renunciar a todo pânico na confiança no Senhor, que acalma o mar e ressuscita os mortos.
No Evangelho, Jesus realiza o que o Salmo anuncia, demonstrando sua divindade. Diante da tempestade, a confiança de Jesus no Pai e total a ponto que permanece dormindo. Acordado pelos discípulos apavorados, que intuem que devem recorrer a Jesus, este acalma o mar e os ventos. É interessante que os discípulos recorrem a Jesus, mas este não elogia sua fé, uma vez que os discípulos recorreram com confiança a Ele. Jesus repreende sua falta de fé, pois não mantém a paz (de Cristo) nas dificuldades, mas se apavoram. Será que diante de muitas de nossas orações, O Senhor não reage da mesma maneira e nos diz: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4,40). O que Jesus Cristo considera como sinal verdadeiro de fé não é a oração e os pedidos de socorro, por mais insistentes que sejam, mas a PAZ de quem confia plenamente no Senhor e Criador, que não abandona nunca suas criaturas, mas que as faz vencer até a própria morte.
O trecho da Segunda Carta aos Coríntios lido hoje, nos induz a uma consideração espiritual de todas as coisas. Se Jesus Cristo nos salva da morte, Ele adquire um direito sobre as nossas vidas – que Ele já tinha como Palavra Criadora do Pai, pela qual fomos criados (cf. Jo 1,1-3) – e por isso devemos viver não mais para nós mesmos, mas para Ele, que por nós morreu e ressuscitou. Diz São Paulo, nessa direção: “Também nós cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum homem será justificado. Pois, se nós, que aspiramos à justificação em Cristo, retornamos, todavia, ao pecado, seria porventura Cristo ministro do pecado? Por certo que não! Se torno a edificar o que destruí, confesso-me transgressor. Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,16b-20). A partir dessa certeza de que pertencemos a Jesus Cristo, não devemos mais considerar as realidades segundo os instintos da natureza mortal, mas todas as coisas e pessoas devem ser reconsideradas a partir do seu significado como graça de Deus e no que concorrem para a nossa salvação, a nossa vida segundo o Espírito Santo, que nos unifica a Jesus Cristo, pelo qual teremos a vida eterna. Assim tudo se faz novo, e nós mesmos nos tornamos uma nova criatura, antecipando a vida eterna que gozaremos eternamente. Por isso o amor de Jesus Cristo é que nos impele (cf. 2Cor 5,14) e deve ser a fonte de todas as nossas decisões e inclinações.
Isto tudo é um convite a reconsiderar todas as coisas a partir de Jesus Cristo, nosso Salvador. As coisas só tem sentido na medida em que são consideradas sinais do amor de Deus e nos aproximam do nosso Criador, que deve ser sempre o amor que amamos em todas as coisas.
Ao saborear qualquer realidade da vida devemos perceber o amor de Deus nessa coisa, seja uma alimento, uma paisagem, uma pessoa ou uma obra de arte. Também aquilo que nos faz sofrer deve ser remetido ao mistério e ser transfigurado de mal em bem. Jesus transfigurou todas as realidades negativas em positivas. Todas as realidades negativas, que nos fazem sofrer, são questionamentos ao amor de Deus. A dor, a decepção, o abandono, a morte, as traições e tudo o mais que nos faz sofrer são tentações contra o amor de Deus. Os sofrimentos de Jesus Cristo eram tentações satânicas que questionavam a condição de Jesus como Filho amado de Deus. Jesus esperou no Pai contra toda aparência e tentação e venceu o mal, transfigurando sua tortura em gesto de amor total. Nós também, na medida em que nossos sofrimentos questionam o amor de Deus por nós, se não nos deixamos levar pela tristeza, mas continuamos a confiar em Deus, nosso Pai, vencemos o demônio e a sua tentação e gozamos da PAZ de Jesus Cristo, transfigurando o sofrimento, que em si é negativo, em vitória contra o mal, em libertação. Podemos dizer que a vida cristã toda é uma arte de transfigurar o mal em bem pela vivência da paixão de Jesus Cristo em nós. São Paulo tinha plena consciência disto e o testemunha em vários textos. “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). “Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo e estar com ele. Não com minha justiça, que vem da lei, mas com a justiça que se obtém pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus pela fé. Anseio pelo conhecimento de Cristo e do poder da sua Ressurreição, pela participação em seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na morte, com a esperança de conseguir a ressurreição dentre os mortos. Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo” (Fl 3,8-14).
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