Quinto Domingo do Tempo Comum
Isaias 6,1-2a.3-8 – Salmo 137 – 1Coríntios 15,1-11 – Lucas 5,1-11
A Leitura de Isaías traz a vocação deste profeta. Traz algumas curiosidades como a razão porque se representam os anjos com asas e a origem do Santo, Santo, Santo, na Missa. Mas o que mais importa é que Isaías tem seu pecado perdoado e logo se apresenta para ser enviado por Deus: “Aqui estou: envia-me” (Isaias 6,8). Nós também somos perdoados em nosso batismo do pecado original e dos pecados atuais, se formos adultos e o batismo nos marca com três características de Jesus Cristo: sacerdote, profeta e rei. Sacerdote porque devemos sempre nos oferecer a Deus; profeta, porque como Isaías de nossa boca deve sair a Palavra de Deus; e rei porque, despegados de tudo e de todos, nenhuma criatura deve impedir nosso caminho para Deus. Aqui se destaca que se fomos perdoados temos de falar da misericórdia de Deus para todos: isso é ser profeta de Jesus Cristo.
No Salmo se diz que “ante o vosso templo vou prostrar-me”. Qual é o templo verdadeiro do Novo Testamento? É o corpo humano. Então a nossa fé é toda voltada para servir à pessoa humana. Por hipótese, se uma pessoa que nunca vai à Missa, cotidianamente se coloca ao serviço dos outros, esquecendo-se de si mesma, essa pessoa é aprovada por Deus, porque parece-se com as pessoas divinas que vêm para servir e não ser servidas. Jesus mesmo prostrou-se diante de seus apóstolos e até de Judas Iscariotes para lavar-lhes os pés. Isto nos leva a falar do dízimo. A doação do dízimo mensal não tem a sua origem no Antigo Testamento, porque ali o Templo era uma casa de pedra. Tem origem nos Atos dos Apóstolos onde se diz: “punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um” (Atos 2,44-45). Hoje, devemos dizer que o dízimo de cada cristão, como naquele tempo é 100% de seus vencimentos. Aliás tudo o que temos pertence a Deus e somos só seus administradores. Não pomos todos os nosso bens aos pés dos Apóstolos, mas vivemos nossa vocação: quando um pai ou mãe de família compra comida ou remédios para os filhos e paga escola para os filhos está fazendo o que Deus quer, segundo a sua vocação matrimonial. Quando paga impostos também. Então, se o templo da Nova Aliança é a pessoa humana, tudo o que se faz para promovê-la é importante. “Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40). Como no Evangelho de hoje, São Pedro se prostra aos pés de Jesus, que é o verdadeiro templo. Por união a Ele, pelo Espírito santo recebido no batismo, também nós somos templos de Deus.
A Leitura da carta aos Coríntios traz hoje uma catequese sobre a ressurreição de Jesus Cristo, referindo-se a uma aparição que não aparece nos Evangelhos: de uma vez só Jesus apareceu a mais de quinhentos irmãos. São Paulo acha-se indigno de ser chamado Apóstolo pois perseguiu a Igreja. Mas corrige e diz: “É pela graça de Deus que eu sou o que sou” (1Coríntios 15,10). Nós também, tudo o que somos é pela graça de Deus que o somos. Não existe “direitos humanos”, tudo é graça divina. Existe, sim, dever humano, que é obedecer a Deus em tudo o que Ele determina. Se obedecemos a Deus, tudo se torna paz para nós. O pecado está em desobedecer a Deus e daí é que vem todas as desordens.
O Evangelho de hoje é um caminho catecumenal. A multidão se aglomera em torno de Jesus para ouvir a Palavra de Deus. E Jesus lhes fala da barca de Simão Pedro, ou seja, pelo Papa, que define a fé. “Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és a Pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16,15-18). São Pedro é a pedra da verdade. Define a verdadeira doutrina da Igreja. Por esta razão, Jesus ensina da barca de São Pedro. A partir da audição da Palavra de Deus vem a obediência. São Pedro era um pescador experimentado. Tinha pescado a noite inteira e nada tinha pescado. Mas “em atenção à palavra de Cristo” (Lucas 5,5) vai de novo ao lago e pesca grande quantidade de peixes. Da obediência à Palavra passa-se à caridade: chamam os pescadores da outra barca para dividirem os peixes. Daí se passa à penitência: diante da maravilha realizada por Jesus, São Pedro reconhece que é um homem pecador e diz a Jesus Cristo para afastar-se dele. Nenhum catecumenato é autêntico se não faz a pessoa se perceber pequena e sem valor diante de Deus, e levar a pessoa a espontaneamente pedir perdão a Ele. Só que no mesmo ato São Pedro se atira aos pés de Jesus, reconhecendo n’Ele uma maravilha de Deus. E Jesus responde: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens” (Lucas 5,10). A partir daí os Apóstolos deixam tudo e seguem a Jesus, que é o têrmo do catecumenato. O que é “deixar tudo”? É saber que todas as coisas são relativas e só a procura de Deus é Absoluta. Toda relação com as criaturas é relativa e pode ser “deixada de lado”, mesmo a relação com pai ou mãe. Só a relação com Deus é Absoluta e nos dá vida eterna, salvando-nos.
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