quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta-feira de Cinzas

Quarta-feira de Cinzas

Joel 2,12-18 – Salmo 50 – 2Coríntios 5,20-6,2 – Mateus 6,1-6.16-18

A Quaresma surgiu quando toda a comunidade se unia aos catecúmenos que faziam, como Jesus ao início de sua missão, quarenta dias de penitência. Na Páscoa os catecúmenos recebiam o batismo, o crisma e a Eucaristia e toda a comunidade renovava o seu batismo. Por isto a Quaresma é um tempo de penitência.

A leitura do profeta Joel tem um trecho onde se diz: “Quem sabe se Ele se volta para vós e vos perdoa...” (Joel 2,14). Jesus Cristo é a Misericórdia de Deus para os pecadores. Aproximou-se dos pecadores para mostrar-lhes o amor de Deus e foi duramente criticado por isto, pelos fariseus, que dividiam a humanidade em “justos” (eles mesmos) e “pecadores”. Eles se consideravam justos porque se submetiam a um certo número de ritos no Templo de Jerusalém e nas sinagogas. Jesus porém ensinou à samaritana que Deus é Espírito e em espírito e verdade deve ser adorado, ou seja, na caridade da vida real. Os fariseus se sabiam pecadores, tanto é que quando Jesus diz: “Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra”, ninguém atirou e foram saindo todos a começar pelos mais velhos (João 8,1-11). Deus deve ser amado na vida cotidiana e não só através de ritos: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). O Salmo é a penitência de Davi depois do pecado com a mulher de Urias e a morte deste. Jesus é o Pastor que procura a ovelha perdida e dá sua vida pelas suas ovelhas. Mostrou a grande alegria no Céu por um só pecador que se converte: “Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15,7).

A Segunda Leitura também é um convite à penitência e à reconciliação com Deus, baseado na misericórdia de Jesus Cristo, que “não cometeu nenhum pecado e Deus o fez pecado por nós, para que n’Ele nós nos tornássemos justiça de Deus” (2Coríntios 5,21). Deus é sumamente misericordioso e se nós não nos salvarmos com um Deus tão bom é devido ao nosso próprio orgulho e concupiscência.

Das criaturas não devemos esperar nada. A recompensa que vem das criaturas não dá vida eterna. Só a que vem de Deus dá vida eterna. O Evangelho recomenda para a quaresma três atitudes: oração, esmola e jejum. Jesus Cristo recomenda que tais atitudes não sejam feitas na frente dos homens porque a recompensa deles é pura vaidade. A recompensa de Deus para os penitentes é vida eterna. Qual é melhor? O sucesso na terra, que acaba com a morte, ou uma vida que nunca mais se acabará? Então o Evangelho de hoje é muito espiritual pois nos coloca numa relação direta com Deus, exigindo que façamos tudo sob os olhares do Pai Eterno e não dos homens.

Um bom teste para a Quaresma é verificar se estamos fazendo tudo para agradar a Deus ou se estamos fazendo as coisas para agradar aos homens. Só se estivermos fazendo tudo para a gradar a Deus é que estraemos bem preparados para renovar o nosso batismo na Páscoa. Pelo batismo, morremos para este mundo e vivemos para Deus. “Então que diremos? Permaneceremos no pecado, para que haja abundância da graça? De modo algum. Nós, que já morremos ao pecado, como poderíamos ainda viver nele? Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova. Se fomos feitos o mesmo ser com ele por uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos igualmente por uma comum ressurreição. Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que seja reduzido à impotência o corpo (outrora) subjugado ao pecado, e já não sejamos escravos do pecado. (Pois quem morreu, libertado está do pecado.) Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele, pois sabemos que Cristo, tendo ressurgido dos mortos, já não morre, nem a morte terá mais domínio sobre ele. Morto, ele o foi uma vez por todas pelo pecado; porém, está vivo, continua vivo para Deus! Portanto, vós também considerai-vos mortos ao pecado, porém vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Romanos 6,1-11).

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