sexta-feira, 2 de abril de 2010
5.º Domingo da Quaresma
Quinto Domingo da Quaresma
Isaias 43,16-21 – Salmo 125 – Filipenses 3,8-14 – João 8,1-11
As Leituras de hoje põem a misericórdia de Jesus em oposição à Lei, que condena sempre. A Leitura de Isaias já diz: “Não fiqueis a lembrar coisas passadas, não vosa preocupeis com acontecimentos antigos. Eis que vou fazer uma coisa nova, ela já vem despontando, não a percebeis?” (Isaias 43,18-19). As coisas antigas são a Lei. A coisa nova é a misericórdia de Jesus Cristo. Na Leitura da Carta aos Filipenses temos o mesmo pensamento: “esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus
A misericórdia de Jesus Cristo é ilustrada de forma magistral no Evangelho. Como podemos condenar alguém se nós somos salvos pela misericórdia de Deus? A lei de Moisés mandava apedrejar os homens também pois ninguém comete adultério sozinho. “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!” (João 8,7). Ninguém atirou e foram-se retirando a começar pelos mais velhos. Diante de ninguém ter condenado a adúltera, Jesus também diz: “Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais.” (João 8,11).
Estas frases servem para nós. Se é por misericórdia que temos esperança, como podemos “atirar pedras” em alguém? E a misericórdia de Jesus Cristo que não castiga, mas liberta totalmente? Preocupamos-nos demais e muitas vezes carregamos consciência pesada porque queremos apoiar-nos em nossos próprios atos e não na misericórdia de Deus, que é tão grande. Se temos esperança, é pela enorme misericórdia de Deus. Não é tão fácil se confessar ao padre? Só não confessam os orgulhosos, os que dizem que o padre é um pecador como eles. O que queriam que descesse um anjo do Céu para confessá-los? Quem perdoa é que dá as condições do perdão. E Jesus Cristo disse: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados. Aqueles aos quais o retiverdes ser-lhes-ão retidos” (João 20,22-23).
sexta-feira, 12 de março de 2010
4.º Domingo da Quaresma
QUARTo Domingo da Quaresma – Ano C - 2010
Josué 5,9a.10-12 – Salmo 33 – 2Coríntios 5,17-21 – Lucas 15,1-3.11-32
O tema da Liturgia de hoje é a Páscoa, como passagem de um estado de morte para um estado de vida. A oração antes das leituras, mais uma vez dá o tom: “Ó Deus, que por Vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano (Páscoa), concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheio de fervor exultando de fé”.
A Leitura do Livro de Josué traz a troca da escravidão do Egito pelo dom da terra de Israel, e o povo come dos frutos da terra de Israel. A troca da escravidão do Egito pelo dom da terra de Israel é a Páscoa do povo judeu.
O Salmo 33 é um salmo de grande confiança em que o infeliz clama a Deus e é ouvido, libertando-se de todos os seus temores (morte e desgraça) e bendiz ao Senhor que o ouviu: “Provai e vede quão suave é o Senhor!”.
A Leitura da Segunda Carta aos Coríntios fala da novidade da pessoa renovada pela Páscoa: “Se alguém está
No Evangelho de Lucas temos a parábola do Pai Misericordioso que faz festa para o filho que tudo perdera, e perdera a própria companhia do Pai, preferindo o mundo com suas atrações. O Pai diz ao filho mais velho: “Mas era preciso festejar e alegrar-nos porque esse teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado” (Lucas 15,32).
A Páscoa é o resultado da ação maravilhosa de Deus que busca a ovelha perdida, morta, para dar-lhe vida. A vida aparece sempre que há o arrependimento e uma conversão a Deus, motivado pela infinita misericórdia de Deus, nosso Pai. O filho mais novo da parábola nem pensava em ser novamente filho, queria ser tratado como um dos empregados do Pai e, surpresa, é tratado melhor do que antes de sua saída. Isto para sabermos como Deus se alegra em recuperar o pecador arrependido. Deveríamos sair do confessionário felizes da vida, dançando e cantando. “Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15,7).
quinta-feira, 4 de março de 2010
3.º Domingo da Quaresma
TERCEIRo Domingo da Quaresma – Ano C - 2010
Êxodo 3,1-8a.13-15 – Salmo 102 – 1Coríntios 5,17-21 – Lucas 13,1-9
A Oração antes das Leituras dá uma linha para a interpretação das Leituras: “Ó Deus (nosso Pai), fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão de nossa fraqueza para que humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia”.
A Leitura do Livro do Êxodo traz a vocação de Moisés. O próprio Moisés se sentia aquém da missão de libertar o povo do Egito. Se tomarmos os versículos que a Leitura salta, veremos Moisés dizer: “Quem sou eu para ir ao Faraó e fazer sair do Egito os filhos de Israel? Deus disse: ‘Eu estarei contigo; e sete será o sinal de que eu te enviei: quando fizeres o povo sair do Egito, vós servireis a Deus nesta montanha’.” (Êxodo 3,11-12). Esse serviço a Deus na montanha nunca se deu pois o povo construiu um bezerro de ouro e disse que foi o bezerro que os libertou do Egito, numa terrível idolatria contra Deus. Por esta razão, Moisés quebrou as Táboas da Lei, com os Dez Mandamentos, sobre o bezerro de ouro. Mas Deus acabou perdoando o povo, em sua enorme misericórdia. Até Moisés se sentiu incapacitado para a sua missão e o remédio é sempre a presença de Deus. Deus lhe responde: “Eu estarei contigo” (Êxodo 3,12). A presença misericordiosa de Deus é a nossa salvação. Felizes os que, como Abraão, andam na presença de Deus. “Porque, se Abraão foi justificado em virtude de sua observância, tem que se gloriar; mas não diante de Deus” (Rm 4,2). “Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4,10). “Que ele confirme os vossos corações, e os torne irrepreensíveis e santos na presença de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos!” (1Ts 3,13). “Cornélio fixou nele os olhos e, possuído de temor, perguntou: Que há, Senhor? O anjo replicou: As tuas orações e as tuas esmolas subiram à presença de Deus como uma oferta de lembrança” (At 10,4).
A Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, Jesus Cristo é a misericórdia de Deus. A “rocha” da qual brotou a água para todos beberem era Cristo. Mesmo tratados com misericórdia o povo não agradou a Deus e muitos morreram no deserto. Também não devemos murmurar. O que é murmurar? É ir contra as disposições divinas que se observam nas nossas vidas e interpretar as coisas como sorte ou azar quando estamos todos sob a amorosa providência de Deus. Em dias de calor é muito comum observar as pessoas murmurando ao dizer que está muito calor. É melhor viver um dia de calor do que morrer antes de sentir o calor: cada dia é uma graça de Deus para nós. E toda a graça de Deus deve merecer o nosso agradecimento e não a nossa reclamação. A mesma coisa se está frio.
No Evangelho Jesus nos diz que as vítimas de acidentes não são mais pecadoras do que todos os outros como se fosse um castigo que se abateu sobre elas. Os acidentes não são castigos divinos. Nem obra de azar. Nós que escapamos de tantos acidentes devemos fazer penitência para que nosso destino eterno não seja comparável a um acidente desses. O vinhateiro da parábola é Jesus Cristo, que derrama graças sobre nós para que nós demos fruto e agrademos a Deus, Nosso Senhor. Só aqueles que se recusam a dar frutos diante da graça de Jesus Cristo é que são condenados, os que se aferram ao pecado e dele não querem se libertar nem fazer penitência.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
2.º Domingo da Quaresma
segundo Domingo da Quaresma – Ano C - 2010
Genesis 15,5-12.17-18 – Salmo 26 – Filipenses 3,17-4,1 – Lucas 9,28b-36
Todas as religiões de superstição buscam a sorte contra o azar. Muitos pedidos de bênçãos também tem esta mentalidade: trazer sorte e afastar o azar. Até entre católicos existe a idéia de bênção como sorte contra o azar. Mas a nossa fé não se relaciona com a sorte e o azar, mas traz uma transfiguração do mal
A Leitura do Genesis traz uma “transfiguração”. Abrão acredita em Deus que dará uma terra a seus descendentes. Deus estabelece uma Aliança com Abrão, antes ainda de mudar seu nome para Abraão.
O Salmo faz uma profissão de fé em Deus como luz e salvação e auxílio do que crê. Para além da morte há a terra dos viventes que o Salmo celebra, onde se verá a bondade do Senhor.
A Leitura da Carta aos Filipenses é onde São Paulo lamenta os que são inimigos da cruz de Jesus Cristo e só pensam nas coisas terrenas e não crêem nas coisas eternas. E diz: “Nós porém, somos cidadãos do Céu. De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará (transfigurará) o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas” (Filipenses 3,20-21).
O Evangelho de Lucas, alguns afirmam que Jesus tinha a intenção de animar os discípulos para que não desanimassem por causa da paixão. Não concordamos com essa opinião. Porque, então, Jesus não chamou todos os Apóstolos. E sabemos que esse objetivo não foi conseguido, pois Jesus foi preso e todos os Apóstolos se dispersaram. Só João acompanhou Jesus até à Cruz. Aparecem Moisés e Elias, dois grandes profetas do Antigo Testamento e conversam com Jesus sobre a morte que Jesus iria sofrer
A Cruz de Jesus Cristo era um instrumento de tortura, mas Jesus a transfigurou num símbolo de amor. O presépio
Precisamos aprender
Que mesmo do mal e da dor,
O bem pode aparecer
Se ao mal respondermos com amor!
Tanta beleza há no mundo
E também tanta bondade.
Sabemos que tudo, no fundo,
Traz nossa felicidade!
Por isso, passamos a crer
Que tudo o que acontecer
Serve p’ra gente crescer! (bis)
Precisamos aprender
Que mesmo do mal e da dor,
O bem pode aparecer
Se ao mal respondermos com amor!
Houve um menino, do qual
Os pais, ninguém quis receber
E só encontraram um curral
Para o menino nascer!
Nem vimos cena daquela
Anjos, pastores e estrela
E humildade, que coisa mais bela! (bis)
Precisamos aprender
Que mesmo do mal e da dor,
O bem pode aparecer
Se ao mal respondermos com amor!
O filho cresceu bem criado.
Mostrou ser o Filho de Deus,
Mas logo foi odiado
Pelos que eram dos seus!
Na cruz, o prenderam e morreu,
E essa cruz na qual padeceu
Em prova de amor converteu! (bis)
Precisamos aprender
Que mesmo do mal e da dor,
O bem pode aparecer
Se ao mal respondermos com amor!
Para reverter mal em bem,
Façamos sempre oração:
Só Deus, que é Pai, é que tem
Poder de transformação!
Então pedimos, Senhor,
Saber p’ra tirar paz da dor,
Mudando o ódio em amor! (bis)
Precisamos aprender
Que mesmo do mal e da dor,
O bem pode aparecer
Se ao mal respondermos com amor!
1.º Domingo da Quaresma
Primeiro Domingo da Quaresma – Ano C - 2010
Deuteronômio 26,4-10 – Salmo 90 – Romanos 10,8-13 – Lucas 4,1-13
“Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres. Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: Então não pudestes vigiar uma hora comigo... Vigiai e orai para que não entreis
“Vigiai e orai para que não entreis
“Jesus replicou-lhe [a Nicodemos]: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto não poderá ver o Reino de Deus. Nicodemos perguntou-lhe: Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito. Não te maravilhes de que eu te tenha dito: Necessário vos é nascer do Alto.” (João 3,3-7). Aqui Jesus diz que é necessário nascer pelo Espírito porque a carne é fonte de pecado. Quem nasce do Espírito é filho de Deus. Porque não nasceu da carne, nem do sangue, mas de Deus mesmo (cf. João 1,13).
A Leitura do Deuteronômio traz o Credo de Israel. O arameu errante é Jacó, a quem Deus mudou o nome para Israel (aquele que luta contra Deus) e por esta razão os descendentes de Jacó são chamados “os filhos de Israel”. O Credo de Israel traz a Páscoa dos judeus, a libertação do Egito, como o nosso traz a nossa Páscoa, a Morte e a Ressurreição de Jesus e sua subida aos céus.
O Evangelho traz as três tentações de Jesus no deserto. Assim como a Eva, o demônio quer seduzir Jesus pelas tentações de poder. A Eva, desmentiu Deus e disse que ela não morreria, mas que se comesse o fruto da “árvore do bem e do mal” tornar-se-ia igual a Deus, senhora do bem e do mal, o que é uma mentira, pois Deus só faz o bem e nunca o mal. Por isso Jesus chama o demônio de mentiroso e pai da mentira (cf. João 8,44). Mas Jesus rejeita a três tentações de satanás. A primeira é a tentação de poder sobre a natureza em proveito próprio. Jesus Cristo nunca fez um milagre em proveito próprio: todas as suas maravilhas foram em favor de outras pessoas. A segunda tentação é a do poder político. Depois da multiplicação dos pães quiseram que Jesus fosse feito rei. “Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte” (Jo 6,15). Jesus só aceita o que lhe for dado pelo Pai. Após a sua Ressurreição, “Jesus, aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28,18). Foi dada pelo Pai. Quantos políticos se prostram diante de satanás com mentiras e enganos para crescerem em poder!
A terceira tentação é fazer do Pai um servidor de Jesus. O diabo o tenta a que o Pai faça milagres quando Jesus quer. Jesus responde que não é correto tentar a Deus. Mas muitos fazem isso: os pastores de seitas dizem às pessoas para pararem de tomar os remédios porque Deus as irá curar, e isso já foi causa, até de morte, para alguns que pararam de tomar os indispensáveis remédios, que também são uma graça de Deus. Em certas igrejas de seitas estampam cartazes como este: “terça-feira de milagres”, ou seja, Deus deve fazer milagres quando o pastor decide que deve fazer, no dia em que o pastor decide. De sorte que o poder fascina as pessoas humanas, mas não seduziu Jesus, para quem tudo é obediência à vontade do Pai. Até a vontade de viver é uma vontade de poder.
A Leitura da carta aos Romanos que a Liturgia apresenta hoje é muito apreciada pelos protestantes, mas entra em conflito com algumas coisas do Evangelho. São Paulo fala muito
Jesus também disse, em contraste com São Paulo neste trecho da Carta aos Romanos: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). Certamente na mente de São Paulo, tudo isto que afirmamos estava presente. É ele mesmo que afirma: “Porque os verdadeiros circuncisos somos nós, que prestamos culto a Deus pelo Espírito de Deus, e pomos nossa glória
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Quarta-feira de Cinzas
Quarta-feira de Cinzas
Joel 2,12-18 – Salmo 50 – 2Coríntios 5,20-6,2 – Mateus 6,1-6.16-18
A Quaresma surgiu quando toda a comunidade se unia aos catecúmenos que faziam, como Jesus ao início de sua missão, quarenta dias de penitência. Na Páscoa os catecúmenos recebiam o batismo, o crisma e a Eucaristia e toda a comunidade renovava o seu batismo. Por isto a Quaresma é um tempo de penitência.
A leitura do profeta Joel tem um trecho onde se diz: “Quem sabe se Ele se volta para vós e vos perdoa...” (Joel 2,14). Jesus Cristo é a Misericórdia de Deus para os pecadores. Aproximou-se dos pecadores para mostrar-lhes o amor de Deus e foi duramente criticado por isto, pelos fariseus, que dividiam a humanidade em “justos” (eles mesmos) e “pecadores”. Eles se consideravam justos porque se submetiam a um certo número de ritos no Templo de Jerusalém e nas sinagogas. Jesus porém ensinou à samaritana que Deus é Espírito e em espírito e verdade deve ser adorado, ou seja, na caridade da vida real. Os fariseus se sabiam pecadores, tanto é que quando Jesus diz: “Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra”, ninguém atirou e foram saindo todos a começar pelos mais velhos (João 8,1-11). Deus deve ser amado na vida cotidiana e não só através de ritos: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). O Salmo é a penitência de Davi depois do pecado com a mulher de Urias e a morte deste. Jesus é o Pastor que procura a ovelha perdida e dá sua vida pelas suas ovelhas. Mostrou a grande alegria no Céu por um só pecador que se converte: “Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15,7).
A Segunda Leitura também é um convite à penitência e à reconciliação com Deus, baseado na misericórdia de Jesus Cristo, que “não cometeu nenhum pecado e Deus o fez pecado por nós, para que n’Ele nós nos tornássemos justiça de Deus” (2Coríntios 5,21). Deus é sumamente misericordioso e se nós não nos salvarmos com um Deus tão bom é devido ao nosso próprio orgulho e concupiscência.
Das criaturas não devemos esperar nada. A recompensa que vem das criaturas não dá vida eterna. Só a que vem de Deus dá vida eterna. O Evangelho recomenda para a quaresma três atitudes: oração, esmola e jejum. Jesus Cristo recomenda que tais atitudes não sejam feitas na frente dos homens porque a recompensa deles é pura vaidade. A recompensa de Deus para os penitentes é vida eterna. Qual é melhor? O sucesso na terra, que acaba com a morte, ou uma vida que nunca mais se acabará? Então o Evangelho de hoje é muito espiritual pois nos coloca numa relação direta com Deus, exigindo que façamos tudo sob os olhares do Pai Eterno e não dos homens.
Um bom teste para a Quaresma é verificar se estamos fazendo tudo para agradar a Deus ou se estamos fazendo as coisas para agradar aos homens. Só se estivermos fazendo tudo para a gradar a Deus é que estraemos bem preparados para renovar o nosso batismo na Páscoa. Pelo batismo, morremos para este mundo e vivemos para Deus. “Então que diremos? Permaneceremos no pecado, para que haja abundância da graça? De modo algum. Nós, que já morremos ao pecado, como poderíamos ainda viver nele? Ou ignorais que todos os que fomos batizados
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
6.º Domingo Comum
Sexto Domingo do Tempo Comum
Jeremias 17,5-8 – Salmo 1 – 1Coríntios 15,12.16-20 – Lucas 6,17.20-26
A Oração antes das Leituras já dá uma pista de interpretação das leituras: “Ó Deus, nosso Pai, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, daí-nos, por vossa graça, viver de tal modo que possais habitar em nós”.
A Leitura de Jeremias precisa ser matizada. Não há sociedade sem confiança mútua entre as pessoas. O que Jeremias quer é dizer que a confiança total da nossa vida não pode repousar em pessoa nenhuma, mas só
A Leitura da Primeira Carta aos Coríntios quer rejeitar os que não acreditam na ressurreição da pessoa humana. E conclui: se Jesus Cristo não ressuscitou vã é a nossa fé e a nossa esperança. “Mas na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1Coríntios 15,20). Como primícias dos que morreram significa que depois d’Ele muitos outros ressuscitarão, no fim dos tempos.
O Evangelho de Lucas coloca como desgraçados todos os que têm motivos para rir, os ricos, os que tem fartura, os que riem, e os que são elogiados, e chama bem-aventurados os sofredores, os pobres, os famintos, os que choram, os odiados e os perseguidos. Por que esta contradição? Porque as pessoas que podem contar com as criaturas geralmente se deleitam nelas e esquecem de Deus. Os pobres, os famintos, os que choram, os odiados e os perseguidos não podem contar com ninguém, só com Deus e aí caem na Verdade. Toda a Verdade das Sagradas Escrituras querem nos transmitir apenas isto: a pessoa humana é profundamente dependente de Deus. Após o pecado original quis se apoiar nas criaturas, mas nem por isto deixa de depender totalmente de Deus, que deu esta vida mortal e é o único que pode dar vida imortal. Por esta razão, Jesus Cristo mostrou muito poder durante sua missão curando cegos, mudos, surdos, aleijados, acalmando até o mar e os ventos, multiplicando os pães, transformando água em vinho, expulsando demônios etc. Mas nos salvou quando nada disso fez, e ficou sem ação na Santa Cruz, somente esperando a ação vivificadora do Pai, que ao terceiro dia de sua morte deu-lhe a ressurreição e a glorificação. Por esta razão, o Evangelho tem relações com a Primeira Leitura, o Salmo e a Segunda Leitura também.
5.º Domingo Comum
Quinto Domingo do Tempo Comum
Isaias 6,1-2a.3-8 – Salmo 137 – 1Coríntios 15,1-11 – Lucas 5,1-11
A Leitura de Isaías traz a vocação deste profeta. Traz algumas curiosidades como a razão porque se representam os anjos com asas e a origem do Santo, Santo, Santo, na Missa. Mas o que mais importa é que Isaías tem seu pecado perdoado e logo se apresenta para ser enviado por Deus: “Aqui estou: envia-me” (Isaias 6,8). Nós também somos perdoados em nosso batismo do pecado original e dos pecados atuais, se formos adultos e o batismo nos marca com três características de Jesus Cristo: sacerdote, profeta e rei. Sacerdote porque devemos sempre nos oferecer a Deus; profeta, porque como Isaías de nossa boca deve sair a Palavra de Deus; e rei porque, despegados de tudo e de todos, nenhuma criatura deve impedir nosso caminho para Deus. Aqui se destaca que se fomos perdoados temos de falar da misericórdia de Deus para todos: isso é ser profeta de Jesus Cristo.
No Salmo se diz que “ante o vosso templo vou prostrar-me”. Qual é o templo verdadeiro do Novo Testamento? É o corpo humano. Então a nossa fé é toda voltada para servir à pessoa humana. Por hipótese, se uma pessoa que nunca vai à Missa, cotidianamente se coloca ao serviço dos outros, esquecendo-se de si mesma, essa pessoa é aprovada por Deus, porque parece-se com as pessoas divinas que vêm para servir e não ser servidas. Jesus mesmo prostrou-se diante de seus apóstolos e até de Judas Iscariotes para lavar-lhes os pés. Isto nos leva a falar do dízimo. A doação do dízimo mensal não tem a sua origem no Antigo Testamento, porque ali o Templo era uma casa de pedra. Tem origem nos Atos dos Apóstolos onde se diz: “punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um” (Atos 2,44-45). Hoje, devemos dizer que o dízimo de cada cristão, como naquele tempo é 100% de seus vencimentos. Aliás tudo o que temos pertence a Deus e somos só seus administradores. Não pomos todos os nosso bens aos pés dos Apóstolos, mas vivemos nossa vocação: quando um pai ou mãe de família compra comida ou remédios para os filhos e paga escola para os filhos está fazendo o que Deus quer, segundo a sua vocação matrimonial. Quando paga impostos também. Então, se o templo da Nova Aliança é a pessoa humana, tudo o que se faz para promovê-la é importante. “Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40). Como no Evangelho de hoje, São Pedro se prostra aos pés de Jesus, que é o verdadeiro templo. Por união a Ele, pelo Espírito santo recebido no batismo, também nós somos templos de Deus.
A Leitura da carta aos Coríntios traz hoje uma catequese sobre a ressurreição de Jesus Cristo, referindo-se a uma aparição que não aparece nos Evangelhos: de uma vez só Jesus apareceu a mais de quinhentos irmãos. São Paulo acha-se indigno de ser chamado Apóstolo pois perseguiu a Igreja. Mas corrige e diz: “É pela graça de Deus que eu sou o que sou” (1Coríntios 15,10). Nós também, tudo o que somos é pela graça de Deus que o somos. Não existe “direitos humanos”, tudo é graça divina. Existe, sim, dever humano, que é obedecer a Deus em tudo o que Ele determina. Se obedecemos a Deus, tudo se torna paz para nós. O pecado está em desobedecer a Deus e daí é que vem todas as desordens.
O Evangelho de hoje é um caminho catecumenal. A multidão se aglomera em torno de Jesus para ouvir a Palavra de Deus. E Jesus lhes fala da barca de Simão Pedro, ou seja, pelo Papa, que define a fé. “Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és a Pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16,15-18). São Pedro é a pedra da verdade. Define a verdadeira doutrina da Igreja. Por esta razão, Jesus ensina da barca de São Pedro. A partir da audição da Palavra de Deus vem a obediência. São Pedro era um pescador experimentado. Tinha pescado a noite inteira e nada tinha pescado. Mas “em atenção à palavra de Cristo” (Lucas 5,5) vai de novo ao lago e pesca grande quantidade de peixes. Da obediência à Palavra passa-se à caridade: chamam os pescadores da outra barca para dividirem os peixes. Daí se passa à penitência: diante da maravilha realizada por Jesus, São Pedro reconhece que é um homem pecador e diz a Jesus Cristo para afastar-se dele. Nenhum catecumenato é autêntico se não faz a pessoa se perceber pequena e sem valor diante de Deus, e levar a pessoa a espontaneamente pedir perdão a Ele. Só que no mesmo ato São Pedro se atira aos pés de Jesus, reconhecendo n’Ele uma maravilha de Deus. E Jesus responde: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens” (Lucas 5,10). A partir daí os Apóstolos deixam tudo e seguem a Jesus, que é o têrmo do catecumenato. O que é “deixar tudo”? É saber que todas as coisas são relativas e só a procura de Deus é Absoluta. Toda relação com as criaturas é relativa e pode ser “deixada de lado”, mesmo a relação com pai ou mãe. Só a relação com Deus é Absoluta e nos dá vida eterna, salvando-nos.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
4.º Domingo Comum
QUARTo Domingo do Tempo Comum – Ano C
Jeremias 1,4-5.17-19 – Salmo 70 – Primeira Carta aos Coríntios 12,31-13,13 – Lucas 4,21-30
A Oração antes das Leituras, mais uma vez nos dá uma sugestão do tema das Leituras: “Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todas as pessoas com verdadeira caridade”. O tema de hoje é o amor a Deus, nosso Criador e o amor à Verdade. Jesus disse: “Eu sou a Verdade” (João 14,6).
A Leitura de Jeremias traz o amor de Deus por Jeremias profeta, antes até de formá-lo no ventre materno. O amor de Deus elimina o nosso medo. De fato, se há a ressurreição para os que estão na graça de Deus para que ter medo, até da morte? Deus está do lado do seu profeta, de modo que os inimigos não prevalecerão. Também para São Paulo: “Que diremos depois disso? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31).
A vida cristã se caracteriza antes de tudo por uma enorme ação de graças a Deus Criador e isto é o que afirma o Salmo de hoje. Estar em ação de graças a Deus é publicar suas graças imensas e incontáveis.
A Leitura da Primeira Carta aos Coríntios traz o famoso Hino da Caridade, que permanece até na eternidade, quando não mais haverá fé nem esperança. Isto porque Deus é Amor. E a vida eterna é viver a vida de Deus. As características da Caridade estão todas elencadas nessa Leitura. Merece uma meditação cuidadosa. A caridade está em profunda relação com a Paz de Cristo. Quem não perde a Paz de Cristo não perde a caridade. Quem perde a Paz de Cristo logo perde também a caridade e se irrita contra o próximo, ficando com raiva dele e até invejando-o. Pecamos, geralmente, quando perdemos a Paz de Cristo. Se conservarmos a Paz de Cristo venceremos muitas tentações, porque para o cristão só Deus é Absoluto e a relação com Ele é que deve ser protegida de modo especial. Tudo o mais é relativo, até a morte é relativa.
No Evangelho, Jesus fala a Verdade mas os nazarenos não aceitam a verdade que está nas Escrituras. Parece que ela os ofende. No entanto, o amor à Verdade é um critério para encontrar Jesus Cristo: “Disse Pilatos: Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo. Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?...” (João 18,35-38). Quem busca com sinceridade a Verdade, acaba encontrando Jesus Cristo. Acontece que esta não é virtude de muitas pessoas. Até muitos católicos não buscam a verdade, mas preferem fugir de Jesus Cristo e se refugiar em superstições, fazendo até dos objetos santos da fé e até dos sacramentos superstições para objetivos terrenos de saúde e sorte. Deus não precisa de água benta para amar ninguém. E quantos põem toda a confiança em água benta? E fazem das imagens objetos de sorte e “proteção”. Deus ama seus filhos e não precisa nem de imagens, nem de água benta para amá-los, nem de correntes. Até muitos católicos fogem da verdade, que está nas Sagradas Escrituras, principalmente no Evangelho de Jesus, e se portam como pagãos! São cegos conduzindo outros cegos... “Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala” (Mt 15,14). “Jesus então disse: Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos. Alguns dos fariseus, que estavam com ele, ouviram-no e perguntaram-lhe: Também nós somos, acaso, cegos?... Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado, mas agora pretendeis ver, e o vosso pecado subsiste” (João 9,39-41). Quem é cego não busca a Verdade. É duro de aceitar, mas muitos batizados estão muito longe da verdade e se comportam como pagãos.