Corpus Christi
Ex 24,3-8 – Salmo 115 – Hb 9,11-15 – Mc 14,12-16.24-26
Na Leitura do Livro do Êxodo vemos um ritual onde o povo de Israel jura fidelidade duas vezes a Deus: “Faremos tudo o que o Senhor nos disse” (Ex 24,3.7). As doze tribos de Israel estão presentes, através dos doze marcos colocados por Moisés. Assim, a celebração da Eucaristia também é um ritual de fidelidade a Jesus Cristo e em cada comunidade cristã está presente toda a Igreja, como em cada pedaço da hóstia consagrada está presente Jesus Cristo inteiro e não aos pedaços. “Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20). Onde está Jesus Cristo está a sua Igreja. Vê-se também como Moisés lê em voz alta o Livro da Aliança e o povo responde a palavra da fidelidade. A proclamação clara e alta da Palavra de Deus faz parte da celebração da Eucaristia e merece toda atenção. Os sacramentos, fora da Palavra de Deus perdem a sua substância. Muitos querem os sacramentos mas não querem prestar atenção e obediência à Palavra de Deus. Os sacramentos acabam servindo à mente supersticiosa da pessoa, como “bênção” ou sinal de sorte, e na verdade são para que Jesus Cristo viva e habite em cada cristão. O sangue dos cordeiros era aspergido sobre o povo. O sangue de Jesus Cristo é bebido pelo povo como sinal da comunhão de vida entre Jesus e o cristão.
No salmo celebra-se o caráter de ação de graças contido
Na Leitura da Carta aos Hebreus há a proclamação de uma profunda diferença entre o culto quase-pagão do Antigo Testamento e o culto cristão. Na Antiga Aliança, celebrava-se oferecendo a Deus animais e outras vítimas. Na Nova e Eterna Aliança o que é oferecido é o próprio cristão no seu corpo mortal, que, oferecido a Deus, Ele o ressuscitará: “Creio na ressurreição da carne”, rezamos no Credo. Também São Paulo esclarece este ponto: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual” (Rm 12,1). O culto espiritual é o culto que não é um ritual em um templo, mas é o culto vivido na própria vida de todos os dias, na caridade e na cruz de cada dia. É o culto em espírito e verdade do qual falou Jesus ao afirmar que não era nem na Samaria nem em Jerusalém que os verdadeiros adoradores adorariam a Deus: “Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que és profeta!... Nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar. Jesus respondeu: Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem
Ressalta-se também que Jesus Cristo veio como sumo-sacerdote de bens futuros (Hb 9,11), e os que são chamados a crerem n’Ele recebem a promessa da herança eterna (Hb 9,15c). Isto é muito importante pois a Eucaristia é uma comunhão terrena com Jesus no meio de provações e tentações, algumas das quais fazem o cristão perder a comunhão plena com o Senhor. A comunhão plena só será assegurada quando vierem os bens futuros na Vida eterna e bem- aventurada nos Céus, isto é, na plena comunhão da Santíssima Trindade. A vida eterna tem que fazer parte da vida espiritual de cada cristão e ser objeto da virtude teologal da esperança, muito além de qualquer esperança de bem ou justiça terrenas, sob pena do cristianismo perder sua substância.
O Evangelho narra que Jesus nos dará o Seu Corpo e o Seu Sangue na Paixão, para nos libertar do poder do pecado do mundo. Cada cristão que entra em comunhão com Jesus Cristo deve também aceitar sua cruz de cada dia e dar sua vida em intercessão pela salvação do mundo. “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?... Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras” (Mt 16,24-27). O cristão é membro do Corpo de Cristo, a sua vida é a vida de Jesus Cristo nele. Diz São Paulo: “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive
As reflexoes nos remetem a um só fato: Deus é que nos mantém. É Dele a primazia sobre cada um de nós. Se entendemos que é assim que funciona a relação de Deus para conosco, então nos cabe uma questão: Como está a nossa relação com Ele? Outra consideração: Como o pregador, em suas homilias, deve passar estas questões aos cristãos ávidos em querer adotar uma postura adequada ao que o evangelho explicita? Como fazer isto, se durante muitos anos foram estimulados uma conduta voltada para a tradição dos sacramentais? A verdade de Jesus Cristo é incontestável? O grande simbolismo que acontece pelos sacramentais é quase universal. Não há singularidade de reflexões, neste sentido, em muitos locais de celebraçoes, seja neste Estado ou Municipio ou ainda em outros distantes. Onde está o erro? Nos nossos avós ou gerações antecessoras, que durantes muitos anos passaram adiante o que erradamente aprenderam? A quem compete mudar tudo isto? Como fazê-lo sem causar nenhum trauma? Qual a solução? Como começar? É preciso fazer algo, mas que não seja na base do chicote. Que seja pela capacidade de entendimento ou a facilidade em assimilar o que é ensinado. É preciso respeitar o biotipo de cada um. Os mais velhos ou mais jovens. Os privilegiados de cultura e os que dela não se serviram. É preciso que seja feito de forma gradativa e com tom de caridade na voz.
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