QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B - 2009
O Bom Pastor
At 4,8-12 – Sl 117 – 1Jo 3,1-2 – Jo 10,11-18
“Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai” (1Jo 3,1). Há uma oposição entre “o mundo” e os discípulos de Jesus Cristo. “Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (Jo 15,19). A razão dessa oposição é que os que pertencem ao mundo são ambiciosos das coisas do mundo e das consolações que o mundo oferece. Os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo tem sua consolação nos céus, seu tesouro está nos céus e desprezam as honras que o mundo pode dar. “Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo” (1Jo 2,16). Diante do desejo da vida eterna em comunhão com Deus, as glórias terrenas não conquistam o coração dos cristãos. “O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo” (Mt 13,44). O tesouro é a vida eterna, a salvação eterna. O mundo encontra sua alegria em suas próprias coisas e rejeita os cristãos porque estes o desprezam, pois conheceram o Pai e as verdadeiras alegrias e consolações. Os cristãos amam a Deus mais do que aos dons de Deus neste mundo.
Desprezando os valores do mundo, não buscando as grandezas terrenas, os discípulos de Jesus estão livres para servir e fazer o bem, sabendo que quem quiser ser o maior de todos deve se tornar o servo de todos. “Jesus, porém, os chamou e lhes disse: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão” (Mt 20,25-28). O mundo quer saber de competir, de vencer o próximo e não de o servir. O cristão vai, assim, dia a dia, dando a sua vida e é por isso que alegra o Pai. “É por isso que o pai me ama, porque dou a minha vida para depois recebê-la novamente” (ter a vida eterna) (Jo 10,17). Assim o cristão se torna filho de Deus, porque se torna semelhante ao Pai, que se doa em cada coisa que proporciona às suas criaturas. E se torna semelhante também ao Filho, imagem perfeita do Pai. É essa vida de Jesus Cristo em nós que é oferecida a Deus em cada Missa: “Orai, irmãos, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai Todo-Poderoso”. O Bom Pastor é uma imagem de Jesus e de cada cristão que dá sua vida para que os outros tenham mais vida. Toda a salvação está em receber de graça a vida e dar de graça a própria vida (cf. Mt 10,8c). Está no amor que dá a vida. Esta é a verdade básica da vida. Nenhuma vida no universo basta a si mesma, mas se alimenta sempre de outra vida que se sacrifica por ela. Por isso, Jesus Cristo diz que é alimento para que todo o que o comer tenha a vida eterna. Nisto está o Mistério da Santíssima Trindade, o mistério da Vida de Deus, o Mistério da Fé: “Eis o Mistério da Fé!”, diz o sacerdote após a consagração.
O mundo é representado pelo mercenário, que não quer dar a vida pelas ovelhas, pensando que viverá se pensar somente em si mesmo. É uma insensatez, pois só Deus é a fonte de toda vida.
Jesus diz também que “haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10,16). Essa frase alimenta muitos sonhos de ecumenismo e união entre os cristãos. É melhor acreditar que isto acontecerá no Céu, quando todos estivermos confirmados na graça e na verdade, em plena comunhão com Jesus Cristo. Nesta terra, é melhor acreditar no que Jesus diz: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa” (Mt 10,34-36). Assim, sempre haverá oposição entre o mundo e os cristãos e até entre os que se dizem cristãos, pois a compreensão dos mistérios de Deus não é sempre a mesma, os interesses humanos e amores do mundo faz com que não se perceba a verdade. Jesus diz sempre: “Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não” (Mt 13,11). “Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz!… Mas não, isso está oculto aos teus olhos” (Lc 19,42). E também conta-nos a parábola: “O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: - Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio? Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: - Queres que vamos e o arranquemos? - Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro” (Mt 13,24-30). Então sempre o maligno estará semeando o joio no campo da Igreja, criando divisões e inimizades. A nossa consolação é que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). A unidade plena de fé nesta terra é impossível. O amor nos ensinará a amar também aqueles que pensam diferentemente de nós, colocando as pessoas acima das idéias que elas tem.
terça-feira, 26 de maio de 2009
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