terça-feira, 26 de maio de 2009

Quinto Domingo de Páscoa

QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B – 2009

At 9,26-31 – Sl 21 – 1Jo 3,18-24 – Jo 15,1-8

Uma palavra aparece tanto na Primeira Carta de São João quanto no Evangelho: “permanecer”. Permanecer em Jesus. Isso só é possível pela virtude do Espírito Santo agindo em nós (cf. 1Jo 3,24c). O Espírito Santo é o Espírito da unidade de vida do Pai e do Filho de Deus e da unidade do Filho de Deus com cada um dos cristãos que vivem na graça de Deus. Por isso devemos permanecer em Jesus para que Jesus permaneça conosco. Desta forma, quem faz as obras através de nós é o próprio Jesus. A nossa cruz de cada dia é a cruz d’Ele em nós. Ele é a vida da nossa vida. Barnabé, nos Atos dos Apóstolos, convence os cristãos de que Paulo é cristão testemunhando que ele havia pregado “em nome de Jesus” (o mesmo que dizer que Jesus pregou pela boca de Paulo), em Damasco. Em cada Missa oferecemos os nossos corpos mortais a Deus (cf. Rm 12,1) por Cristo (nós, cristãos, somos ramos de Jesus Cristo, a Videira, e nada podemos fazer (cf. Jo 15,5) nem oferecer ao Pai a não ser por meio de Jesus Cristo), com Cristo (a nossa cruz de cada dia só pode ser oferecida ao Pai como sacrifício agradável juntamente com a cruz de Jesus, o Filho de Deus, que assumiu a nossa natureza humana) e em Cristo (nosso sacrifício só é aceitável ao Pai se permanecemos em Jesus Cristo, se somos de fato membros do seu corpo, ramos d’Ele, que é a Videira). A nossa oferenda (os nossos corpos, a nossa vida dada por amor a Deus ao próximo) só é agradável ao Pai se Ele puder ver em nós o seu próprio Filho Unigênito. Deus tem um só Filho, o Unigênito, e se somos chamados filhos de Deus (cf. 1Jo 3,1) é porque permanecemos no Filho pela unidade do Espírito Santo. A isto chamamos comunhão de vida com Jesus Cristo, o Filho de Deus. Só se salva quem vive ou morre na comunhão de vida com o Filho de Deus (cf. Jo 15,6).
O temor do Senhor (At 9,31) é o primeiro dom do Espírito Santo. Esse temor não significa ter medo de Deus, mas de nós mesmos, pecadores, que podemos perder essa permanência no Filho pelo pecado, pela fraqueza. Mas mesmo se isso acontecer, se nos arrependemos e voltamos para Ele, Ele nos perdoa (cf. 1Jo 3,20) porque Ele é maior que o nosso fraco coração e maior que a nossa fraqueza.
A oração coleta de hoje (aquela que é rezada antes de começar a Liturgia da Palavra) pede a Deus que conceda aos que crêem em Jesus Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Ora, a permanência em Jesus Cristo nos dá a liberdade verdadeira que consiste em não temer nenhuma pessoa, em não se deixar julgar por nenhuma criatura, mas só temer a Deus e deixar-se julgar somente por Deus, como Jesus viveu toda a sua vida terrena.
O Salmo rezado hoje nos propõe adorar só Deus, colocando toda a razão de nossos atos só n’Ele, baseando-nos exclusivamente n’Ele, tendo só n’Ele toda a nossa força e a fonte de tudo o que nos cerca, tendo absolutamente tudo como graça d’Ele e só d’Ele. Se Deus é assim a fonte de tudo e tudo é graça d’Ele, ser-nos-á fácil partilhar. Vem daí o aspecto social de paz e abundância: “vossos pobres vão comer e saciar-se”.
A Primeira Carta de São João nos convida a amar a Deus não com palavras somente, mas com ações e em verdade. Isto significa crer em Jesus Cristo como o Caminho que nos leva ao Pai. Ele realiza suas obras na nossa vida e suas obras são renúncia a nós mesmos para nos doar aos outros, para promover vida nos outros, fazer os pobres comer e saciar-se, sem guardar tudo egoisticamente para nós mesmos (cf. Sl 21). Quem não renuncia a si mesmo e não carrega sua cruz de cada dia não permanece em Jesus (cf. Mt 16,24). Não há vida cristã sem renúncia a si mesmo, sem aceitação da própria morte, a cada dia, na feliz esperança da ressurreição. Se Jesus age assim na nossa vida permanecemos em Deus e Deus permanece em nós. O Evangelho nos diz que o que glorifica – santifica em nós – o Pai é que agindo assim demos muito fruto de vida plena nas vidas de nossos irmãos. Só podemos dar frutos se permanecemos em Jesus Cristo e é Ele que produz os frutos em nós.

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