quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Santa Maria, Mãe de Deus

Santa Maria, Mãe de Deus

Números 6,22-27 – Salmo 66 – Gálatas 4,4-7 – Lucas 2,16-21

A festa de Santa Maria, Mãe de Deus, coincide com o dia da Circuncisão e da Imposição do santo Nome de Jesus – oitavo dia do nascimento. É também o dia do Santo Nome de Jesus. É também o dia mundial da Paz, com o lema, dado pelo Papa Bento XVI: “Se queres a Paz, cuida da Criação”.

A Leitura do Livro dos Números refere-se ao primeiro dia do ano, trazendo a bênção de Aarão, a primeira bênção ritual da Sagrada Escritura. O Salmo também se refere ao início do ano, pedindo a Deus a sua graça e a sua bênção e a alegria de viver, para as nações glorificarem a Deus.

O trecho da Carta aos Gálatas foi escolhido por causa da expressão “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” (Gálatas 4,4). Mas lembra que Jesus veio para superar a Lei mosaica e estabelecer a filiação divina para todos os que O acolherem. “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus” (João 1,11-13). Esta filiação se dá pela união com Jesus, o Filho de Deus, pela unidade do Espírito Santo. Deus tem só um Filho, que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se encarnou como Jesus Cristo. Nós somos filhos de Deus pela união com o Filho Unigênito, em um só corpo, formado pelo Espírito Santo. E se pela união com Jesus somos filhos, somos também herdeiros da mesma herança do Filho do Homem Jesus: a vida eterna.

O Evangelho quase não se refere a Maria. Coloca antes a adoração dos pastores de Belém a Jesus Cristo. “Quanto a Maria, guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lucas 2,19.51). Maria é Mãe de Deus porque Jesus Cristo é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e portanto é Deus. A afirmação de Maria como Mãe de Deus quer ratificar que Jesus é mesmo Deus. Maria é também Nossa Senhora das Dores, mas não devemos pensar Maria na Paixão de seu Filho toda revoltada, chorosa e dolorosa. Não! Este versículo acima nos diz que Nossa Senhora das Dores é a mesma Nossa Senhora da Paz e da Consolação. Como Maria poderia ser Nossa Senhora da Paz e da Consolação se perde a Paz e a Consolação? A verdadeira imagem de Nossa Senhora das Dores é uma Senhora contemplativa, tentando descobrir as razões divinas para o sofrimento de Seu Filho. Não combina com Maria Imaculada, sem pecado, a revolta contra os planos de Deus. Maria é a Serva do Senhor no qual se cumpre sempre a Palavra de Deus com a sua anuência. “Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1,38). Não coloca a mínima resistência aos planos de Deus. Não podemos figurar Maria Santíssima na Paixão de seu Filho com base nas mães pecadoras que não aceitam a morte de seus filhos. Ela é diferente. Não coloca resistência a Deus e a nenhum dos planos de Deus.

Santa Maria nos é dada como Mãe por Jesus aos pés da Cruz, sendo acolhida pelo discípulo amado em nome de todos nós. Por que Maria é a Mãe dos Eleitos? Porque ela é “cheia de graça”, não tomando para si nenhum dos dons que lhe foram dados pelo Pai. Tudo nela é graça divina. Por isso ela vive uma verdadeira renúncia e é a primeira discípula de Seu Filho, que disse: “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?...” (Mateus 16,24-26). Renunciar, em linguagem evangélica é atribuir a Deus todos os dons e não tomar posse de nenhum. É contraditória a canção que diz: “Tome posse da graça de Deus”. Se é graça de Deus, a Ele pertence e não devemos “tomar posse”. Deve-se usá-la, sim, para o bem próprio e dos irmãos, mas a graça continua sempre a pertencer a Deus. O nosso corpo é uma graça de vida. Mas não é nosso e parará de funcionar num dia que não podemos prever e que só Deus sabe. Nosso corpo pertence a Deus. Como podemos tomar posse do nosso corpo?

sábado, 26 de dezembro de 2009

Domingo da Sagrada Família

Domingo da Sagrada Família

Eclesiástico 3,3-7.14-17a – Salmo 127 – Colossenses 3,12-21 – Lucas 2,41-52

Deus criou a pessoa humana à Imagem das Pessoas Divinas (Genesis 1,27) e por esta razão criou o homem e a mulher, para serem “uma só carne”, imagem da unidade da Santíssima Trindade (Genesis 2,24). Os filhos são da mesma carne dos pais. Daí toda a humanidade constituir uma unidade (isto é importantíssimo para a fé cristã: por causa do pecado dos primeiros pais todos foram condenados; por causa da justiça de Jesus Cristo todos são salvos (Romanos 5,14-15)). A família faz parte, assim, da semelhança divina da pessoa humana. Nós fomos feitos para ser família. Os que querem dominar sobre as pessoas atacam a família para que as pessoas sejam menos do que devem ser, sejam tratadas como “gado”, que é mais fácil de se domar. Daí toda propaganda de homossexualismo, de divórcio, de casamentos homossexuais etc. Tudo isto tende a destruir a família e diminuir o valor da pessoa humana em prol dos que querem ser os dominadores da pessoa humana.

O Livro do Eclesiástico traz um quadro do amor familiar. Digno de nota é que já é antecipado o preceito evangélico de que o amor apaga uma multidão de pecados. Duas vezes se afirma isto: “Quem honra o seu pai (ou mãe), alcança o perdão dos pecados” (Eclesiástico 3,4) e “a caridade feita a teu pai (ou mãe) não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados” (Eclesiástico 3,15-16). Isto está de acordo com o Evangelho, quando diz: “Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados (Pr 10,12)” (1Pd 4,8). E também nesta bela passagem de São Lucas: “Um fariseu convidou Jesus a ir comer com ele. Jesus entrou na casa dele e pôs-se à mesa. Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume; e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a chorar. Pouco depois suas lágrimas banhavam os pés do Senhor e ela os enxugava com os cabelos, beijava-os e os ungia com o perfume. Ao presenciar isto, o fariseu, que o tinha convidado, dizia consigo mesmo: Se este homem fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o toca, pois é pecadora. Então Jesus lhe disse: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Fala, Mestre, disse ele. Um credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinqüenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos a sua dívida. Qual deles o amará mais? Simão respondeu: A meu ver, aquele a quem ele mais perdoou. Jesus replicou-lhe: Julgaste bem. E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés; mas esta, com as suas lágrimas, regou-me os pés e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste o ósculo; mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta, com perfume, ungiu-me os pés. Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama. E disse a ela: Perdoados te são os pecados. Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer, então: Quem é este homem que até perdoa pecados? Mas Jesus, dirigindo-se à mulher, disse-lhe: Tua fé te salvou; vai em paz” (Lucas 7,36-50).

A carta aos Colossenses também, depois de um discurso sobre o amor cristão em geral, incluindo o perdão (“perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam” (Mateus 6,12)), que também perdoa nossos pecados, aplica-o, enfim à família, começando pelas esposas, passando pelos maridos e chegando enfim aos filhos. E traz um princípio de vida cristã irretocável: “Tudo o que fizerdes, por palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo” (Colossenses 3,17). Afinal, se somos membros de Jesus Cristo, unidos a Ele pelo Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é Ele que faz em nós as obras que agradam a Deus. Diz São Paulo: “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2,19-20).

O Evangelho, porém traz um elemento que está acima de toda consideração de família, por mais nobre que seja a família humana. Antes de tudo somos filhos de Deus e os nossos pais terrenos foram apenas instrumentos de Deus para a nossa geração e educação. Por isso, Jesus Cristo, já aos doze anos, coloca a paternidade de Deus acima do afeto a seus pais. “Ao vê-lo seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos angustiados à tua procura’. Jesus respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?’. Eles, porém não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no seu coração todas essas coisas” (Lucas 2,48-51). Jesus colocava o Pai Celeste à frente de seus pais terrestres, mas nem por isso deixava de ser-lhes obedientes. Alguns santos, como São Tomás de Aquino e São Francisco de Assis, e outros, encontraram em seus pais obstáculos para os planos de Deus em suas vidas. Daí preferiram entrar em conflito com seus pais do que deixar de ser fiéis a Deus em suas consciências.

Duas vezes Lucas refere-se à Virgem Maria como mulher de contemplação das maravilhas de Deus. “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lucas 2,19.51). Isto nos permite matizar as dores de Maria. Ela tinha plena confiança em Deus, não fosse ela Imaculada, sem pecado original. Daí sua angústia na perda do menino aos doze anos e na Cruz, durante a Paixão de seu Filho, ser uma contemplação do que Deus queria com todos aqueles acontecimentos. Se Maria é Nossa Senhora da Paz, se é Nossa Senhora da Consolação, é certo que não se desesperou nem na perda de seu Filho aos doze anos nem durante a Paixão. Procurava, claro, o que Deus, Seu Esposo verdadeiro, queria com todos esses acontecimentos. Nem sempre ela entendia tudo, mas confiava plenamente e não se desesperava. A verdadeira imagem de Nossa Senhora das Dores não é a de uma desesperada, o que não combina com a Imaculada Conceição, mas com uma contemplativa. Isto é também um exemplo para os pais que perdem os seus filhos antes de sua morte. Devem confiar que Deus ama os seus filhos com um amor infinito e cheio de misericórdia, e ama muito mais que somando o amor de todos os parentes e amigos juntos. Deus é Amor Infinito.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal de Jesus Cristo

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo

Missa da Noite

Isaias 9,1-6 – Salmo 95 – Tito 2,11-14 – Lucas 2,1-14

Como se diz na Oração antes das Leituras, o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo está ligado à salvação: “Deus [Pai] ... concedei, que tendo vislumbrado na terra este mistério, possamos gozar no Céu sua plenitude”. O Advento e o Natal estão sempre em função da salvação final, pois sem essa salvação de nada adianta todo o amor de Deus por nós.

A Leitura de Isaias figura o menino Jesus como uma luz nas trevas. Mais tarde o próprio Jesus Cristo dirá: “Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Essa luz é também causa de grande alegria e felicidade. Jesus Cristo aparece na Leitura como Libertador do jugo que oprime o povo. Figura Jesus também como um Rei de Paz eterna, que nunca acabará. Quem realizará toda essa alegria, felicidade, libertação e Paz será o amor zeloso de Deus.

O Salmo é uma celebração da alegria trazida pela Leitura de Isaias.

A Carta a Tito lembra a doutrina paulina do batismo como uma morte para este mundo e um nascimento para Deus (cf. Romanos 6,3-13). Por isso diz para não vivermos neste mundo segundo a impiedade e paixões humanas, mas com equilíbrio, justiça e piedade, frutos do Espírito Santo, “aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tito 2,13). Também aqui vemos o Natal em perspectiva de salvação final. Lembra também a misericórdia do Coração de Jesus que irá perdoar os pecadores – contra as condenações da Lei de Moisés interpretadas pelos fariseus – libertando-os do mal e liberando-os a praticar o bem.

O Evangelho de São Lucas traz a narração dos fatos relativos ao nascimento de Jesus Cristo. Traz porém, alguns conselhos evangélicos desde o início, que seriam repetidos pelo Senhor Jesus. Os anjos dizem aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria”. Jesus vem para nos libertar do medo e para trazer uma alegria eterna aos homens pecadores e penitentes. Traz também os sinais da pobreza do Salvador: “Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. Jesus é pobre porque não colocará nunca sua confiança, durante toda a sua vida em nenhum fruto do trabalho humano, nem dinheiro, nem fama, nem poder, mas tão somente em Deus, seu Pai. Seu alimento será fazer a vontade de seu Pai (João 4,31-34; Mateus 26,39 e paralelos). E aquele que se dará em alimento na Eucaristia já é colocado numa manjedoura, lugar do alimento dos animais. Toda a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo realizarão a glória do Pai eterno e a paz aos homens por Deus amados (Lucas 1,14), conforme cantam os anjos.

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo

Missa do Dia

Isaias 52,7-10 – Salmo 97 – Hebreus 1,1-6 – João 1,1-18

Também aqui, a oração antes das Leituras afirma a salvação eterna: “Ó Deus [Pai], que admiravelmente criastes a pessoa humana [à vossa imagem] e mais admiravelmente restabelecestes sua dignidade, dai-nos participar da divindade do Vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade”.

A Leitura do profeta Isaias louva os passos dos que anunciam a boa notícia e já coloca o nascimento de Jesus Cristo na linha do Reino de Deus, que só se consumará no último dia. “Reina o teu Deus!” (Isaias 52,7). Contrapõe as nações humanas a Deus, como dois poderes em luta, a pessoa humana querendo ser deus sem comunhão com o Deus verdadeiro – segundo a tentação que satanás colocou desde o início (Genesis 3,5) – e Deus sendo mais forte, salvará os que aceitarem entrar no Seu Reino. E anuncia a salvação universal, e não só para Israel: “todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus” (Isaias 52,10). O Salmo celebra essa salvação universal.

A Carta aos Hebreus, em seu início, contém um cântico de salvação em que Jesus Cristo é descrito como o Filho pelo qual Deus fala aos homens, é o esplendor da glória de Deus, artífice do universo e herdeiro de todas as coisas, em particular as pessoas salvas por Ele. É também o sustentáculo do Universo, pelo poder de Sua Palavra, e é superior aos anjos, embora, ao se fazer homem tenha se submetido por um tempo a ser-lhes inferior. Por isso, os anjos devem adorá-Lo.

O Evangelho de São João traz o seu sublime Prólogo. Pontos a ressaltar nesse prólogo são Jesus Cristo como a Sabedoria com a qual Deus criou tudo o que existe e sem Ela nada fez. Também é de ressaltar o desencontro: Jesus é a Vida (João 11,25; 14,6). Os homens, porém, para quem “a vida era a luz dos homens” (João 1,4), não encontram em Jesus Cristo a Vida, mas “o mundo não quis conhecê-La” (João 1,10), o matam e rejeitam. A pessoa humana quer ter o seu reino nesta terra marcada pelo pecado e pela morte, sem perceber que tudo nesta terra é muito passageiro. Jesus Cristo tem “um Reino que não é deste mundo” (João 18,36), um Reino sem morte e sem pecado, sem dominação de uma pessoa sobre outra, sem enganos e sem mentiras. “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (João 1,14). Esta é a confissão de Jesus Cristo como a Palavra criadora do Pai, a Sabedoria sem a qual nada foi feito (Provérbios 8,22-33). E aparece a magnífica figura de São João Batista, que não é a Luz, mas vem para dar testemunho da Luz. Na figura de São João Batista, estão retratados todos os Apóstolos do Senhor Jesus Cristo, que anunciam sua Encarnação Divina, que passou fazendo o bem, sua morte e sua ressurreição e ascensão à direita do Pai (Atos 10,36-42). Este sublime prólogo pode ser causa de muitas outras reflexões ainda, sendo inesgotável.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

4.º Domingo do Advento

Quarto Domingo do Advento

Miquéias 5,1-4a – Salmo 79 – Hebreus 10,5-10 – Lucas 1,39-45

A liturgia do tempo do Advento vai passando de uma preparação para a segunda vinda de Jesus Cristo a uma aparente espera da festa do Natal de Jesus Cristo. A mensagem dos Apóstolos, porém, é a preparação para a segunda vinda de Jesus Cristo “que virá para julgar os vivos e os mortos”. É esta a realização do Reino de Deus, “que não é deste mundo” (João 18,36). É preciso perceber que todo o acontecimento da primeira vinda de Jesus Cristo está em função do último dia e da realização do Reino de Deus. A própria Encarnação se deu para a realização do Reino de Deus e a pessoa humana, expulsa do Paraíso voltar a ele pela graça de Deus, que redime os pecados. Por isso, mesmo o Natal está em função da Páscoa e esta em função da realização do Reino de Deus definitivo. Este aparente deslocamento da segunda vinda de Jesus Cristo para uma preparação para o Natal deve ser visto como uma proclamação da realidade histórica da primeira vinda de Jesus Cristo, e a fidelidade de Deus, que cumpriu as profecias do Antigo Testamento, que falavam do Messias que devia vir, e do mesmo modo, Deus cumprirá as profecias do Novo Testamento, com a segunda vinda de Jesus Cristo, como Rei.

A Profecia de Miquéias localiza o lugar em que o Messias deverá nascer: Belém-de-Éfrata, perto de Jerusalém, cidade do antigo Rei Davi. Jesus é colocado como Aquele que dominará, isto é, é o Rei. Afirma também sua divindade, quando diz: “sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5,1c). Nenhuma ação de Deus é tão decisiva como esta, por isto se diz: “Deus deixará seu povo ao abandono, até ao tempo em que uma mãe der à luz” (Miquéias 5,2). A perspectiva é a do Reino definitivo de Deus, porque continua dizendo: “Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor (a relação de unidade entre o Filho e o Pai) e com a majestade do Nome do Senhor (Jesus é Rei); os homens viverão em paz (... no Reino definitivo), pois Ele estenderá o poder até os confins da Terra, e Ele mesmo será a Paz (Jesus Cristo é o Esposo de todos os eleitos; todos viverão unidos pela comunhão com Ele) (Miquéias 5,3-4). Vemos claramente que o nascimento de Jesus já se dá em vista do Reino definitivo.

O Salmo é uma oração pedindo conversão para alcançar a salvação, como está expresso no próprio refrão.

A Leitura da Carta aos Hebreus traz uma mensagem pascal. É o Filho que faz a vontade do Pai e oferece seu corpo humano em sacrifício, dando-o todo ao Pai (cf. Romanos 12,1) que O ressuscitará. A verdadeira oferenda do cristão a Deus não é nem pão nem vinho, mas o próprio corpo mortal, como Jesus Cristo ofereceu o Seu, para que o Pai os ressuscite. Os cristãos são membros do Corpo de Cristo: assim como Ele ofereceu seu Corpo, os cristãos devem oferecer os seus, em vista da ressurreição e do Reino definitivo.

O Evangelho de São Lucas traz a cena da Visitação, que vem logo após a Anunciação do Anjo a Maria. Isabel já fica cheia do Espírito Santo, o que é um fruto da Páscoa de Jesus Cristo e sinal do Reino definitivo de Deus. E a fé de Maria é celebrada. Ninguém viu o Reino de Deus. Se o esperamos é porque cremos no que Deus revelou por meio do seu Filho. É a fé. A Fé é a certeza de que o que Deus revelou é plenamente verdadeiro e digno de ser esperado com plena confiança de que tudo se realizará. A fé é um ato de razão (entender o que Deus revelou) e um ato de vontade (querer crer que o que Deus revelou é Verdade).

Temos então comprovado que o evento do Natal se dá em função da Páscoa e do Reino de Deus definitivo, a ser inaugurado no último dia, na segunda vinda de Jesus Cristo, para julgar os vivos e os mortos e para levar os eleitos para o seu Reino. O Advento é preparação, não para o Natal, que já se deu há 2000 anos, mas para a segunda vinda de Jesus Cristo, como Rei.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

3.º Domingo do Advento

Terceiro Domingo do Advento

Sofonias 3,14-18a – Isaias 12,2-6 – Filipenses 4,4-7 – Lucas 3,10-18

Todo o Advento é um tempo de esperança, de alegria, pela perspectiva da vida eterna, sem males e preocupações, sem medos. Mas este domingo é marcado particularmente pelos sentimentos de alegria. Até o roxo cede lugar ao cor-de-rosa. Esta alegria se baseia, como diz a Leitura de Sofonias em que o Senhor Deus revogou a sentença de condenação e afastou os inimigos dos filhos de Deus e estes agora estão sob a misericórdia do Senhor. Como sempre a mensagem do Advento é “não te deixes levar pelo desânimo” (Sf 3,16). Isto significa, como diz a Carta aos Romanos, “Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios” (Romanos 8,28). Ora se tudo concorre para o bem dos que amam a Deus, sejam as coisas agradáveis, sejam as cruzes, devemos viver com muita intensidade a vida sem temer as cruzes, pois elas são permitidas por Deus para o nosso bem. Vive a vida com intensidade quem não julga os dias se são bons ou maus, mas aceitam todas as realidades com o mesmo ânimo. E não se abatem diante das dificuldades, mas buscam tranquilamente as soluções. Isso é uma vida com Deus, em que se agradece todos os dias a Deus com muita gratidão. Diz o início de cada prefácio das Missas: é nosso dever e salvação dar-vos graças em todo tempo e lugar. Devemos morrer agradecendo a Deus o dom da vida. Quem não recebe a vida não pode morrer. E Deus tem uma vida divina e eterna para dar aos que vivem assim intensamente e em gratidão a Deus seus dias. Na Leitura de Sofonias também a Presença de Deus no meio do seu povo é um motivo de ânimo. Ainda mais no Novo Testamento, em que o templo de Deus não é de tijolos, mas são os nossos corpos, onde Deus se compraz em morar pela virtude do Espírito Santo que nos une ao Pai e ao Filho.

A Carta aos Filipenses foi escrita por São Paulo no cárcere, mas nada tem de lamentação. São Paulo se alegrava nos sofrimentos suportados por Jesus Cristo. “Ainda que tenha de derramar o meu sangue sobre o sacrifício em homenagem à vossa fé, eu me alegro e vos felicito” (Filipenses 2,17). “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Colossenses 1,24). Pelo contrário é uma Carta cheia de mensagens de alegria, esperança e despreocupação. “Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas com ações de graças. E a paz de Deus (a paz de Jesus Cristo que a gente dá na Missa), que ultrapassa todo o entendimento, guardará vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4,6-7). A alegria é estar “no colo” de Deus sob sua total proteção, o que se dá mesmo no dia da nossa morte, pois Ele nos dará vida divina e eterna.

O Evangelho de São Lucas nos traz a pregação de São João Batista que nos traz aspectos dessa despreocupação e tranqüilidade em Deus. As pessoas não precisam acumular dinheiro – o que é uma das maiores preocupações das pessoas – pois o dinheiro em excesso não dá paz, pode ser até isca para ladrões e assassinos, como ocorre freqüentemente. São João Batista também dá um motivo de alegria quando sabe bem que é humilde diante do Senhor, que não é o Messias e nem é digno de desamarrar suas sandálias. Uma das causas de preocupações das pessoas é a própria afirmação pessoal em que cada um quer ser mais do que é. São João Batista sabe bem do seu tamanho e por esta razão é feliz. Não quer ser mais do que é. Esta humildade é causa de tranqüilidade para a alma e para a pessoa. O orgulho pesa, obriga a pessoa a querer ser mais do que é e é causa constante de frustração e infelicidade. A humildade é causa de alegria. A pessoa se aceita como é. “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mateus 11,28-30). A Cruz de Jesus Cristo para os humildes não é um peso, mas é fonte de Paz.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Imaculada Conceição

Imaculada Conceição de Maria Santíssima

Genesis 3,9-15.20 – Salmo 97 – Efésios 1,3-6.11-12 – Lucas 1,26-38

Os dons de Deus superam o tempo. A Igreja Católica ensina que Maria foi concebida sem pecado original – e é verdade – em vista dos méritos futuros da Paixão e Morte de Jesus Cristo. Jesus disse aos seus apóstolos: “Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei” (Jo 16,7). Como então o Espírito Santo encheu Isabel e João Batista quando Maria visitou Isabel logo após a Anunciação? “Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio” (Lucas 1,41-44). E que como dizemos no Credo Niceno-constantinopolitano quando falamos do Espírito Santo “foi Ele que falou pelos profetas”? Os profetas falavam por meio do Espírito Santo? Então Jesus Cristo devia dar sua vida pela humanidade porque o dom de sua Paixão, que é o Espírito Santo, já havia sido dado. Por isso era preciso que se cumprissem as Escrituras. Como Jesus ensinou aos discípulos de Emaús: “Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória? E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras” (Lucas 24,25-27).

A Leitura do Livro do Genesis denuncia como, após o pecado, a pessoa humana foge de Deus e não O ama, a não ser pela ação do Espírito Santo. A pessoa humana, homem e mulher se escondem de Deus, como se isso fosse possível (v. 10). Mas a parte mais importante está no v. 15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te esmagará a cabeça e tu tentarás morder-lhe o calcanhar”. A inimizade é entre a serpente, satanás e a mulher, concebida sem pecado original. Esta inimizade é que explica como os maus perseguem os bons e porque Jesus morreu na Cruz e houve tantos mártires na Igreja. Os filhos das trevas não suportam os filhos da luz.

No Evangelho de hoje temos que o Anjo Gabriel nem chama Maria pelo nome. Refere-se a ela como “cheia de graça” (kekaritomene, no grego). É um dos principais títulos marianos. A graça é um dom divino, que continua a pertencer a Deus, mas é doado para o bem das criaturas de Deus. Maria é cheia de graça porque não toma posse da graça, como nós, que dizemos que o corpo é nosso, a vida é nossa. Tudo nela pertence a Deus. Daí ela não apresentar a menor resistência a Deus e haver um pleno casamento entre Maria e o Pai de Jesus Cristo. Há uma comunhão perfeita. Os protestantes dizem que Deus praticou uma “barriga de aluguel” em Maria, e que após conceber Jesus ela teve outros filhos com José. Isso é impossível. Os ditos “irmãos de Jesus” aparecem em outras passagens com outras mães, que não são Maria Santíssima. E, ao pé da Cruz é João que leva Maria para casa (João 19,27) e não seus filhos. Se Maria tivesse outros filhos não iria para a casa de um discípulo de Jesus.

São Luís Maria Grignion de Montfort errou em seus escritos ao dizer que o Espírito santo é o esposo de Maria, pois o Anjo Gabriel se refere ao Espírito santo e não ao Pai, quando fala a Maria. Se o Espírito Santo fosse o esposo de Maria seria o Pai de Jesus Cristo, mas a Primeira Pessoa da Trindade é que é o Pai e não a terceira. O Espírito santo deve ser entendido como o Espírito que realiza a comunhão de vida entre as pessoas. Maria é toda de Deus e Deus se dá todo a Maria. Por isso diz-se que “a sombra do Espírito Santo veio sobre Maria” (v. 35). Para uni-la ao Pai e o Filho ser ao mesmo tempo Filho de Deus – pelo Pai – e filho do homem – por Maria.

Jesus ensinou: “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14,26-27). E também: “Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” (Lucas 14,33). Por isso, a Consagração total dos dons da pessoa a Maria, que nada retém para si, por ser “cheia de graça”; na verdade, consagrar-se a Maria é consagrar-se a Deus pela união íntima entre Maria e Deus. Nesta doutrina, São Luís Maria Grignion de Montfort acertou. A Consagração a Maria é uma forma de viver essa renúncia que Jesus Cristo pede no Evangelho. O que se dá a Deus é de Deus, não é mais nosso. Por esta razão a Consagração total a Maria é caminho de ser discípulo de Jesus Cristo. Podemos, por isso, também ser “cheios de graça” como a nossa Mãe Santíssima.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

2.º Domingo do Advento

segundo Domingo do Advento – Ano C – 2010

Baruc 5,1-9 – Salmo 125 – Carta aos Filipenses 1,4-6.8-11 – Lucas 3,1-6

A própria Encarnação, na primeira vinda do Filho de Deus, está endereçada para o Reino definitivo, que só virá plenamente na segunda vinda do Filho de Deus. Daí a pregação inicial de Jesus: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1,15). O Reino de Deus próximo é o julgamento de todas as pessoas humanas para se revelar quem acolheu o Reino de Deus e viveu d’Ele e quem viveu só a partir das criaturas que não podem dar vida eterna. A pregação dos Apóstolos também é a proximidade do Reino de Deus: “Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo (...) Até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra vós; sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo” (Lc 10,9.11). A segunda vinda de Jesus Cristo e o advento do Reino definitivo de Deus, que vence o poder do pecado, estão inseridos fortemente na pregação dos discípulos de Jesus Cristo. Todos devem se preparar para a vinda de Jesus, que como rezamos no Credo “virá para julgar os vivos e os mortos”. Este é um elemento central da pregação cristã, que não pode ser esquecido nem omitido.

Na leitura da Profecia de Baruc, tanto Jerusalém como Israel referem-se à Igreja de Jesus Cristo, formada por gente de todos os povos do mundo e não de um só povo. Despir a veste de luto é passar para uma realidade onde a morte não existe mais. Os eleitos de Deus “brilharão como o Sol no Reino de seu Pai” (Mt 13,43). A Justiça em relação a Deus provocará a Paz e a Piedade, que é comunicação com Deus, será participação na sua glória. A Cruz de Jesus Cristo está presente neste texto quando se diz: “Saíram de Ti, caminhando a pé, levados pelos inimigos; Deus os devolve a Ti, conduzidos com honras, como príncipes reais” (Baruc 5,8). Toda essa leitura é uma promessa de felicidade eterna para os que forem fiéis a Deus, durante seu sofrimento nesta terra. O salmo é uma resposta de alegria a essa esperança.

A carta aos Filipenses foi escrita na prisão. Entretanto São Paulo é sempre positivo nela e exorta à alegria. A perspectiva desse trecho é a preparação para o dia de Jesus Cristo, o último dia (Filipenses 1,7.10). Enquanto este dia não chega, São Paulo se alegra pela divulgação do Evangelho por obra dos filipenses (Filipenses 1,5). O objetivo de São Paulo é que os filipenses cheguem ao dia de Jesus Cristo, crescidos no amor e puros e sem defeitos, cheios do fruto de justiça (Filipenses 1,7.10).

O Evangelho traz uma mensagem de penitência baseada na figura de São João Batista. São João Batista preparou o povo de Israel para a vinda de Jesus e é uma figura que tem tudo a ver com a mensagem do Advento. Tendo preparado o povo para o primeiro Advento, é um personagem a ser lembrado na preparação para o segundo Advento. João não trazia toda a Sabedoria de Jesus, sua pregação era muito mais simples, mas tendo o Evangelho, sabemos o que nos espera. O objetivo do Evangelho é que cada vez mais nos apoiemos em Deus e cada vez menos nas criaturas, no dinheiro, na fama, no sucesso ou no poder. Por essa razão o Evangelho fala sempre em renúncia. Renunciar é aprender a abrir mão das coisas e até de nós mesmos, para sermos fiéis a Deus. Podemos abrir mão de nós mesmos, pois o nosso defensor é Deus que nos deu uma vida mortal e nos dará uma vida eterna. Nem mesmo a morte é maior do que o amor de Deus por nós, se buscarmos o caminho do Evangelho e não rejeitarmos o amor de Deus. Ele nos ama e só nos separaremos d’Ele se nós mesmos, pelo orgulho, nos acharmos auto-suficientes e não O buscarmos. Buscar a Deus é renunciar a todas as criaturas, até ao pai e à mãe, e aos afetos mais íntimos para dependermos cada vez mais de Deus só. E renunciar também aos bens materiais, fazendo a caridade para com o nosso próximo. “Respondeu Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19,21). Depender só de Deus corresponde à Verdade sobre a pessoa humana, criada à imagem de Deus e cuidada por Deus, que é a vida da sua vida.