quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Santa Maria, Mãe de Deus

Santa Maria, Mãe de Deus

Números 6,22-27 – Salmo 66 – Gálatas 4,4-7 – Lucas 2,16-21

A festa de Santa Maria, Mãe de Deus, coincide com o dia da Circuncisão e da Imposição do santo Nome de Jesus – oitavo dia do nascimento. É também o dia do Santo Nome de Jesus. É também o dia mundial da Paz, com o lema, dado pelo Papa Bento XVI: “Se queres a Paz, cuida da Criação”.

A Leitura do Livro dos Números refere-se ao primeiro dia do ano, trazendo a bênção de Aarão, a primeira bênção ritual da Sagrada Escritura. O Salmo também se refere ao início do ano, pedindo a Deus a sua graça e a sua bênção e a alegria de viver, para as nações glorificarem a Deus.

O trecho da Carta aos Gálatas foi escolhido por causa da expressão “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” (Gálatas 4,4). Mas lembra que Jesus veio para superar a Lei mosaica e estabelecer a filiação divina para todos os que O acolherem. “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus” (João 1,11-13). Esta filiação se dá pela união com Jesus, o Filho de Deus, pela unidade do Espírito Santo. Deus tem só um Filho, que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se encarnou como Jesus Cristo. Nós somos filhos de Deus pela união com o Filho Unigênito, em um só corpo, formado pelo Espírito Santo. E se pela união com Jesus somos filhos, somos também herdeiros da mesma herança do Filho do Homem Jesus: a vida eterna.

O Evangelho quase não se refere a Maria. Coloca antes a adoração dos pastores de Belém a Jesus Cristo. “Quanto a Maria, guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lucas 2,19.51). Maria é Mãe de Deus porque Jesus Cristo é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e portanto é Deus. A afirmação de Maria como Mãe de Deus quer ratificar que Jesus é mesmo Deus. Maria é também Nossa Senhora das Dores, mas não devemos pensar Maria na Paixão de seu Filho toda revoltada, chorosa e dolorosa. Não! Este versículo acima nos diz que Nossa Senhora das Dores é a mesma Nossa Senhora da Paz e da Consolação. Como Maria poderia ser Nossa Senhora da Paz e da Consolação se perde a Paz e a Consolação? A verdadeira imagem de Nossa Senhora das Dores é uma Senhora contemplativa, tentando descobrir as razões divinas para o sofrimento de Seu Filho. Não combina com Maria Imaculada, sem pecado, a revolta contra os planos de Deus. Maria é a Serva do Senhor no qual se cumpre sempre a Palavra de Deus com a sua anuência. “Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1,38). Não coloca a mínima resistência aos planos de Deus. Não podemos figurar Maria Santíssima na Paixão de seu Filho com base nas mães pecadoras que não aceitam a morte de seus filhos. Ela é diferente. Não coloca resistência a Deus e a nenhum dos planos de Deus.

Santa Maria nos é dada como Mãe por Jesus aos pés da Cruz, sendo acolhida pelo discípulo amado em nome de todos nós. Por que Maria é a Mãe dos Eleitos? Porque ela é “cheia de graça”, não tomando para si nenhum dos dons que lhe foram dados pelo Pai. Tudo nela é graça divina. Por isso ela vive uma verdadeira renúncia e é a primeira discípula de Seu Filho, que disse: “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?...” (Mateus 16,24-26). Renunciar, em linguagem evangélica é atribuir a Deus todos os dons e não tomar posse de nenhum. É contraditória a canção que diz: “Tome posse da graça de Deus”. Se é graça de Deus, a Ele pertence e não devemos “tomar posse”. Deve-se usá-la, sim, para o bem próprio e dos irmãos, mas a graça continua sempre a pertencer a Deus. O nosso corpo é uma graça de vida. Mas não é nosso e parará de funcionar num dia que não podemos prever e que só Deus sabe. Nosso corpo pertence a Deus. Como podemos tomar posse do nosso corpo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário