Quarto Domingo do Advento
Miquéias 5,1-4a – Salmo 79 – Hebreus 10,5-10 – Lucas 1,39-45
A liturgia do tempo do Advento vai passando de uma preparação para a segunda vinda de Jesus Cristo a uma aparente espera da festa do Natal de Jesus Cristo. A mensagem dos Apóstolos, porém, é a preparação para a segunda vinda de Jesus Cristo “que virá para julgar os vivos e os mortos”. É esta a realização do Reino de Deus, “que não é deste mundo” (João 18,36). É preciso perceber que todo o acontecimento da primeira vinda de Jesus Cristo está em função do último dia e da realização do Reino de Deus. A própria Encarnação se deu para a realização do Reino de Deus e a pessoa humana, expulsa do Paraíso voltar a ele pela graça de Deus, que redime os pecados. Por isso, mesmo o Natal está em função da Páscoa e esta em função da realização do Reino de Deus definitivo. Este aparente deslocamento da segunda vinda de Jesus Cristo para uma preparação para o Natal deve ser visto como uma proclamação da realidade histórica da primeira vinda de Jesus Cristo, e a fidelidade de Deus, que cumpriu as profecias do Antigo Testamento, que falavam do Messias que devia vir, e do mesmo modo, Deus cumprirá as profecias do Novo Testamento, com a segunda vinda de Jesus Cristo, como Rei.
A Profecia de Miquéias localiza o lugar em que o Messias deverá nascer: Belém-de-Éfrata, perto de Jerusalém, cidade do antigo Rei Davi. Jesus é colocado como Aquele que dominará, isto é, é o Rei. Afirma também sua divindade, quando diz: “sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5,1c). Nenhuma ação de Deus é tão decisiva como esta, por isto se diz: “Deus deixará seu povo ao abandono, até ao tempo em que uma mãe der à luz” (Miquéias 5,2). A perspectiva é a do Reino definitivo de Deus, porque continua dizendo: “Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor (a relação de unidade entre o Filho e o Pai) e com a majestade do Nome do Senhor (Jesus é Rei); os homens viverão em paz (... no Reino definitivo), pois Ele estenderá o poder até os confins da Terra, e Ele mesmo será a Paz (Jesus Cristo é o Esposo de todos os eleitos; todos viverão unidos pela comunhão com Ele) (Miquéias 5,3-4). Vemos claramente que o nascimento de Jesus já se dá em vista do Reino definitivo.
O Salmo é uma oração pedindo conversão para alcançar a salvação, como está expresso no próprio refrão.
A Leitura da Carta aos Hebreus traz uma mensagem pascal. É o Filho que faz a vontade do Pai e oferece seu corpo humano em sacrifício, dando-o todo ao Pai (cf. Romanos 12,1) que O ressuscitará. A verdadeira oferenda do cristão a Deus não é nem pão nem vinho, mas o próprio corpo mortal, como Jesus Cristo ofereceu o Seu, para que o Pai os ressuscite. Os cristãos são membros do Corpo de Cristo: assim como Ele ofereceu seu Corpo, os cristãos devem oferecer os seus, em vista da ressurreição e do Reino definitivo.
O Evangelho de São Lucas traz a cena da Visitação, que vem logo após a Anunciação do Anjo a Maria. Isabel já fica cheia do Espírito Santo, o que é um fruto da Páscoa de Jesus Cristo e sinal do Reino definitivo de Deus. E a fé de Maria é celebrada. Ninguém viu o Reino de Deus. Se o esperamos é porque cremos no que Deus revelou por meio do seu Filho. É a fé. A Fé é a certeza de que o que Deus revelou é plenamente verdadeiro e digno de ser esperado com plena confiança de que tudo se realizará. A fé é um ato de razão (entender o que Deus revelou) e um ato de vontade (querer crer que o que Deus revelou é Verdade).
Temos então comprovado que o evento do Natal se dá em função da Páscoa e do Reino de Deus definitivo, a ser inaugurado no último dia, na segunda vinda de Jesus Cristo, para julgar os vivos e os mortos e para levar os eleitos para o seu Reino. O Advento é preparação, não para o Natal, que já se deu há 2000 anos, mas para a segunda vinda de Jesus Cristo, como Rei.
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